93% das mortes por covid-19 ocorreram em contexto hospitalar

Em conferência de imprensa, António Sales, secretário de Estado da Saúde, relembra que com o fim do estado de emergência a “pandemia continua” e que continuamos a ser “agentes de saúde pública”. O governante recorda que também cabe aos portugueses “salvar vidas”.

93% das mortes por covid-19 ocorreram em contexto hospitalar

No dia em que se registam 973 óbitos por covid-19, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, revelou, em conferência de imprensa, que 93% das mortes por covid-19 ocorreram em meio hospitalar, quatro por cento em lares e três por cento em domicílio.

Questionada sobre o número de mortes e a sua exatidão, a responsável esclareceu que "em Portugal não é possível ninguém ser enterrado ou cremado sem um atestado de óbito”. “São atestados passados pelos médicos e entram numa plataforma eletrónica. São dados online, conseguimos saber ao minuto", disse, garantindo que estão a ser contempladas todas as mortes cujos históricos de pacientes incluam a "palavra covid-19".

Na mesma conferência de imprensa, António Sales, secretário de Estado da Saúde, relembra que com o fim do estado de emergência a "pandemia continua" e que continuamos a ser "agentes de saúde pública". O governante recorda que também cabe aos portugueses "salvar vidas".

A linha SNS24 continua a ser "a entrada por excelência" no Serviço Nacional de Saúde, diz Sales, que apela assim para que o SNS não seja sobrecarregado. Segundo o governante a linha SNS24 tem atendido, em média, 7.000 chamadas por dia, com um tempo médio de espera de menos de 30 segundos.

Um tema em destaque na conferência das autoridades de saúde desta quarta-feira foi a violência doméstica. António Sales disse que uma das preocupações do Governo tem sido garantir que os cidadãos mais vulneráveis estão protegidos. “A violência doméstica afeta milhares de pessoas e não pode ficar esquecida em tempos de pandemia. Desde o início de março, a secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade, em parceria com o Ministério da Saúde através do INEM, pôs em marcha um plano de contingência, de prevenção e combate à violência doméstica no contexto de covid-19”, afirmou. Segundo o governante desde 6 a 27 de abril os abrigos destinados às vítimas de violência doméstica já acolheram 50 pessoas e foi criada uma linha de atendimento por SMS, com o número 3060, que é gratuita e não permite a identificação dos contactos pelo agressor. Mantém-se ainda ativa a linha de apoio a vítimas de violência (800 202 148) e e-mail de apoio. No total, através destes mecanismos já foram recebidos 308 pedidos de ajuda desde o dia 1 de março.

Daniela Machado, coordenadora do Programa Nacional de Prevenção da Violência no Ciclo de Vida, esteve presente na conferência de imprensa e explicou que a fragilidade económica está intimamente ligada a um possível incremento da violência doméstica.

Desta forma, o SNS tem feito um reforço da sua capacitação dos profissionais, da formação e de atuação", explicando que foram criadas estruturas específicas para internação nesta matérias e que existem, neste momento, cerca de 450 equipas especializadas nestas questões.

"A comunidade deve estar alerta e proteger os mais vulneráveis", disse Daniela Machado, relembrando que violência doméstica é um crime público e deve ser denunciado por todos nós.

Questionada sobre a violência domestica em crianças, Daniela Machado salienta que as instituições de apoio a jovens e crianças continuam ativas, ajustando-se aos novos contingentes, mas tem havido um reforço do cuidado por parte do SNS e um reforço das campanhas de sensibilização. Não há, no entanto, dados concretos relativos à influência na saúde de vítimas mais jovens da violência doméstica até à data.

A responsável relembra que continuam a existir espaços nos hospitais dedicados aos doentes covid e não covid e que há consultas de vigilância de saúde infantil, que têm feito um acompanhamento psicossocial das dinâmicas familiares.

Embora as escolas estejam agora mais "distantes dos alunos", continuam atentas, e os serviços não estão parados.

Sales aproveitou o mote para reiterar que também o SNS continua ativo para os doentes não covid e que está a ser trabalhada uma normalização dos serviços, com prioridade para os doentes em maior risco clínico, nomeadamente doentes oncológicos ou doentes com patologias crónicas.

O secretário de Estado da Saúde revela que há 21.500 camas livres para adultos, nove mil das quais são para especialidades cirúrgicas.

Há neste momento mil pessoas internadas, o que confere algum conforto ao SNS em termos de gestão e decisão.

António Sales relembra que "não podemos descurar uma segunda vaga" e, por isso, o SNS está a ser capacitado para tal, através de modelos organizacionais, um calendário de agendamento, que será revelado pela ministra da Saúde brevemente, e reprogramação de cirurgias. O governante diz ainda que há outras entidades que estão a colaborar com o SNS para essa capacitação.

Graça Freitas relembra que, tal como agora, vai continuar a ser monitorizada curva da pandemia após o levantamento de determinadas restrições.

Questionada sobre as queixas das autoridades policiais em não conseguirem acompanhar doentes por falta de dados, Graça Freitas explica que a maior parte das pessoas em vigilância “não são doentes, mas pessoas que contactaram com pacientes com covid-19, e que estão em vigilância ativa pelas autoridades de saúde e são aconselhadas a permanecer em casa". Assim, a diretora-geral da Saúde explica que as autoridades de saúde devem entregar listas nominais para que haja uma cooperação com as forças de segurança. Contudo, a responsabilidade pelas fiscalizações ocorre a nível local. De acordo com a responsável, de um modo geral, esta ação entre autoridades de saúde locais e forças de segurança tem ocorrido "de forma exemplar".

Questionada sobre o alerta de pediatras internacionais sobre uma condição inflamatória rara em crianças ligada à covid-19, a responsável da DGS diz que “até à data, não houve reporte em Portugal destas situações" e garantiu que as autoridades de Saúde estão a acompanhar a situação e os pediatras estão "atentos".

Mais uma vez,Graça Freitas voltou a apelar ao cumprimento do Plano Nacional de Vacinação, de forma a que se evitem futuros surtos de outras doenças.

"Não deixem de vacinar os vossos filhos. É seguro vacinar. É seguro ir ao Centro de Saúde", disse.

"Quero deixar um apelo muito sério aos pais e aos cuidadores: não deixem de vacinar as crianças. Estamos a combater uma epidemia, não podemos começar outra", reiterou.