‘Recebi de forma espontânea um prémio que não tem preço’

Passo muitas horas apenas com o meu filho e ele não se queixa nem pede para ir à rua e agora nem fala em tarefas escolares. Dá preferência em ajudar em casa e em resolver charadas como por exemplo as do SOL, que gostou tanto de fazer. 

por Inês Moreira da Cruz
 

Ultimamente tenho acompanhado pouco as notícias. É a minha escolha como forma de me proteger do desânimo. Não quero deixar-me abater pelas circunstâncias difíceis.

No entanto, realizei algumas leituras referentes aos elogios a Portugal pelas medidas adotadas… Parece que fomos mais eficazes em relação a outros países europeus. Também é certo que se tem falado que os números apontados não correspondem à verdade.

Nem quero acreditar que só queremos ficar bem vistos! Será?!

Foi anunciado que, após as férias da Páscoa, vamos avançar com a ‘Escola em Casa’ até ao final do ano letivo.

A aprendizagem faz-se na interação com os outros. Quem o afirmou foi Vygotsky.

Portanto, eu não me vou cansar a insistir com o meu filho para ficar sentado em frente ao computador. Não se aprende à força. Freinet dizia: «Ninguém dá de beber a um cavalo que não tem sede».

Sinto-me bem em casa. Aceito o que não posso mudar. Leio, cozinho, estendo a roupa… coisas simples que faço com prazer.

Passo muitas horas apenas com o meu filho e ele não se queixa nem pede para ir à rua e agora nem fala em tarefas escolares. Dá preferência em ajudar em casa e em resolver charadas como por exemplo as do SOL, que gostou tanto de fazer. Até reparou que as palavras cruzadas já estavam feitas.

Fazemos puzzles, jogamos às cartas, ao dominó ou vólei balão e gostamos muito de entrar no faz-de-conta. Sou guarda-redes, samurai, leão, gigante ou dragão!

Há dias, o meu marido chegou a casa com uma surpresa. Uma coluna de som que foi o delírio do filho!

E passámos a dançar, dançar e cantar até cair para o lado.

E foi assim que esborrachei um pé de encontro ao sofá.

Fiquei deitada com o pé em cima de duas almofadas e com gelo até à chegada do meu marido.

Fiquei dispensada de fazer o jantar e outras tarefas similares, mas não tive grande sorte com as dores que suportei.

O meu filho ora ia à cozinha conversar com o pai ora vinha sentar-se ao meu lado a querer saber se estava melhor

Foi numa dessas vindas que me disse: ‘Tenho uma casa com espaço, com sol, com higiene, com comida boa e com pessoas que gostam umas das outras. Tenho muita sorte!’

Recebi de forma espontânea um presente que não tem preço, mas com um valor incalculável.

Gosto de dar, de me dar aos outros, sem expectativas, apenas pelo prazer que me proporciona.

Mas também gosto de receber e sentir a alegria de quem dá.

Os meus irmãos que se cuidem, pois nem sabem o que tenho para lhes dar!

Até lá, vamos continuar juntos a rir, a sonhar, a acreditar, a confiar, a chorar… de tanta felicidade!