Regresso à normalidade será lento. O que muda a partir de segunda-feira

Plano do Governo será apresentado hoje e prevê três fases. Pequenas lojas reabrem já, mas restaurantes só no dia 18 de maio.

O Governo vai anunciar hoje o plano de reabertura da atividade económica. A retoma será feita de uma forma gradual entre a próxima segunda-feira e o início do mês de junho em três fases.

As pequenas lojas, que tenham até 200 metros quadrados, os cabeleireiros e os stands de automóveis, por exemplo, vão reabrir já no dia 4 de maio. Os cabeleireiros e barbeiros vão reabrir na segunda-feira, mas com regras apertadas e limitações na lotação.

Os restaurantes, as lojas que tenham até 400 metros, os museus e as creches deverão ficar para uma segunda fase, estando previsto que reabram no dia 18. Os alunos do 11.º e 12.º anos também vão voltar a ter aulas presenciais nesta segunda fase. O ministro Tiago Brandão Rodrigues admitiu que os assistentes operacionais das escolas básicas poderão reforçar as equipas das escolas que vão abrir no terceiro período.

Por último, no dia 1 de junho, está previsto reabrir o pré-escolar, bem como os cinemas e teatros, que terão limites de lotação. Os centros comerciais também só poderão reabrir no início de junho.

O Governo ouviu ontem durante todo o dia os parceiros socais e os partidos políticos sobre as medidas previstas para retomar gradualmente a atividade económica. A intenção é avançar de uma forma cautelosa e avaliar o levantamento das restrições de 15 em 15 dias. Ou seja, os planos podem ser alterados caso venha a verificar-se que alguma destas medidas não está a resultar ou está a ter consequências imprevistas.

Rui Rio foi o primeiro a ser recebido pelo primeiro-ministro e revelou que “o que se pretende é começar a abrir a atividade económica de uma forma muito lenta”. O presidente do PSD, à saída da reunião com o primeiro-ministro, mostrou-se de acordo com a proposta – “aquilo que nos foi apresentado é razoável” – e disponível para apoiar um regresso gradual à normalidade.

O PSD apresentou várias sugestões ao Governo, uma das quais que passe a ser obrigatório o uso de máscaras em espaços fechados. A medida deve constar do plano de reabertura do Governo, juntamente com a obrigação de usar máscaras nos transportes públicos e nas escolas.

Rui Rio, que esteve reunido com o primeiro-ministro, António Costa, o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira e a ministra da Saúde, Marta Temido, durante quase duas horas, defendeu ainda que os apoios devem chegar rapidamente às empresas e o Estado deve pagar aos fornecedores. “Pedimos que estes pagamentos sejam feitos a um ritmo mais rápido. Em relação às dívidas são até dívidas que não pioram o défice e que têm mesmo de ser pagas”, disse.

esquerda pede mais apoios À esquerda, Catarina Martins defendeu que “é preciso avaliar todos os passos da reabertura e manter as medidas de contenção necessárias para controlar este surto”. Os bloquistas alertaram que “esta reabertura, que vai ser faseada, deve continuar a ter em conta todos os critérios de saúde pública”.

Depois do encontro com o Governo, a coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu ainda que “é preciso planear o apoio social para além do estado de emergência e isso ainda não foi feito”, uma vez que algumas medidas para as famílias só está previsto vigorarem durante o estado de emergência.

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu que o levantamento das restrições tem de ser acompanhado de medidas de proteção da população. “Obviamente acompanhamos medidas de desconfinamento que permitam uma retoma da laboração e da economia, mas com uma nota de alerta que fizemos particularmente em relação às medidas sanitárias de proteção, seja em creches, jardins de infância, escolas, empresas ou fábricas. As condições de segurança e de salvaguarda sanitária têm de ser elemento fundamental na proteção daqueles que trabalham”.

Jerónimo revelou ainda que os comunistas fizeram “um apelo claro ao Governo para não esquecer os pequenos e médios empresários que não sabem o que hão de fazer à vida”.

Costa jantou com Marcelo O dia de António Costa foi longo e depois de ouvir os partidos tinha ainda agendado um jantar com o Presidente da República para apresentar as medidas de reabertura da atividade económica. Marcelo Rebelo de Sousa anunciou esta terça-feira o fim do estado de emergência, mas alertou que “o fim do estado de emergência não é o fim do surto, não é o fim da necessidade de controlo, não é o fim da necessidade dos portugueses prosseguirem num esforço muito cívico que é o perceberem que depende deles a evolução desse surto”.