Estado policial

Costa, antecipando-se a eventuais críticas de ordem constitucional, veio a público bradar que não lhe interessa o que diz a Constituição! Logo ele, que pelo cargo que exerce deveria ser o primeiro a respeitar e honrar os preceitos constitucionais.

O estado de emergência termina no próximo dia 2 de Maio, sábado, mas, no entanto o governo decidiu que no dia seguinte, domingo, se mantém a proibição, decretada a todos os portugueses, de saírem da área do concelho onde residem.

Costa, antecipando-se a eventuais críticas de ordem constitucional, veio a público bradar que não lhe interessa o que diz a Constituição!

Logo ele, que pelo cargo que exerce deveria ser o primeiro a respeitar e honrar os preceitos constitucionais.

Argumentou, para sustentar a sua tese de ignorar o disposto na lei fundamental do País, que também ele é jurista.

Ficámos, assim, a saber que o chefe do governo necessita, urgentemente, de regressar à faculdade, a fim de actualizar os conhecimentos de que parece ser deficitário.

Estamos bem entregues: a segunda figura do Estado não quer saber do segredo de justiça e o seu parceiro, que nos desgoverna, não quer saber da Constituição!

E vivemos, supostamente, numa democracia. Imagine-se do que esta gente seria capaz se estivessem ao leme da governação num regime autoritário!

No entanto, o mais preocupante deste desprezo pelos mais elementares direitos que nos estão consagrados, protagonizado por quem deveria ser o primeiro a garanti-los, é a apatia e conformismo a que os portugueses, tão lestos, no passado, a insurgirem-se contra imposições que alegadamente condicionavam a sua liberdade, se renderam.

A este fenómeno não é estranha uma doença de que a maioria da população padece, desde há  aproximadamente dois meses, contaminada por um vírus bem mais perigoso daquele que se importou da China, que é o pânico generalizado!

Um simples vírus, que hoje se sabe não ser mais letal do que outros com os quais já nos confrontámos num passado recente, paralisou o País, destruindo o nosso já débil tecido económico e financeiro.

Para alcançar o seu objectivo, este vírus dispôs da generosa contribuição de uma imprensa maquiavélica, que se alimenta das desgraças alheias para sobreviver, a qual teima em difundir o alarmismo dentro da sociedade, reduzindo os portugueses a criaturas tementes a um destino que se profetizou catastrófico.

E tudo valeu para a prossecução desse fim. Desde há dois meses que as notícias vinculadas pelos diversos órgãos de informação, principalmente pelos canais televisivos, se resumem a relatos relacionados com o coranavírus. Até os ditos programas de entretenimento aderiram a este folhetim, perdendo-se em infindáveis conversas alusivas ao tema.

Dá-se a entender que o mundo parou e nada mais se passa para além da doença com que nos afligem.

Somos massacrados a toda a hora com os cenários mais apocalípticos, deturpando-se com uma ligeireza ignóbil a verdade dos factos, difundindo-se, por exemplo, imagens de centenas de caixões, quase empilhados em cima uns dos outros, e que, na realidade, correspondem a tragédias do passado, por forma a que se venda a ideia de que a única solução de combate à epidemia é confinarmo-nos, todos, a uma prisão domiciliária que se tende a arrastar sem  desfecho definido.

Para o efeito recorreu-se também à artimanha de se ouvir somente a opinião que preconiza o mesmo método de controlar o vírus, abdicando-se, descaradamente, do contraditório.

Todos os comentadores e especialistas, convidados a elucidar os portugueses sobre os cuidados a terem com a pandemia, defendem a tese da quarentena total, repetindo-se os seus comentários até à exaustão, com a clara intenção de se espalhar o medo junto daqueles que ousam sair de casa.

Graças a este clima de pânico, e confiantes de que os portugueses não só se oponham como, bem pelo contrário, aplaudam as medidas restritivas da liberdade, os nossos políticos muniram-se dos instrumentos necessários para impor um estado policial, o qual, frequentemente, se tem provado como demasiado repressivo para a ameaça que se pretende conter.

Novamente contando com a benevolência da domada imprensa, que não se cansa de inventar aglomerados de gentes em locais que, na verdade, se encontram às moscas, ou mostrando intermináveis filas de automóveis tendo como suposto destino as praias, quando, de facto, se tratam de milhares de pessoas tidas como indispensáveis para continuar a exercer a sua actividade profissional presencialmente, e que têm o azar de trabalhar num lado da ponte e viver no lado oposto, lograram posicionar as forças de segurança em permanentes operações de caça a alegados prevaricadores.

Como consequência desses exageros, levados ao extremo, obrigam-se muitos daqueles que mantém de pé o que resta da nossa economia, comparecendo diariamente nos seus postos de trabalho, a perder tempo precioso em sucessivas e estupidamente prolongadas paragens, para que tenham que se justificar pelo sacrifício a que abnegadamente se prestaram.

Mesmo agora, quando se anuncia um desconfinamento progressivo, os políticos entretêm-se a arremessar ameaças contra a população, como se meninos de escola se tratassem, desafiando-a a comportar-se de acordo com os limites estabelecidos, sob pena de endurecerem as medidas de repressão.

Corremos o risco, dentro de dias, numa praia qualquer, de virmos a ser pressionados por um fuzileiro, munido de bastão e pistola, a abandonarmos de imediato o areal, com o argumento de que foi ultrapassada a lotação admissível.

Ou então, estando deitados na areia a descansar, sermos importunados por um jovem, equipado com pranchas e barbatanas e viciado em séries norte-americanas de nadadores-salvadores, para que desviemos a nossa toalha 30cm, alegando estarmos a violar a distância de segurança que nos deve separar da vizinhança.

E para que este estado policial, que aos poucos tem vindo a ser edificado, não venha a ser objecto de contestação, há que impedir, a todo o custo, que opiniões avalizadas, mas divergentes da tese oficial da quarentena a todos aplicada, sejam matéria de estudo em algum serviço noticioso.

Na verdade, diversos cientistas, por esse mundo fora, têm alertado para o imperativo de se procurar uma imunidade de grupo, única fórmula que consideram válida de parar a progressão da pandemia, separando os mais vulneráveis, idosos e portadores de outras patologias, dos saudáveis, permitindo-se que estes últimos mantenham uma vida normal, redobrando apenas os cuidados com a sua saúde.

Mas esses especialistas em saúde pública têm a entrada proibida em todos os canais de informação, impedindo-se, dessa forma, o acesso das suas ideias à generalidade da população.

Silenciando-se quem discorda, mantém-se a porta aberta para todo o tipo de atropelos à nossa liberdade de circulação.

Infelizmente, este fenómeno repressivo não é um exclusivo deste jardim à beira-mar plantado. Praticamente por todo o mundo tem-se optado por políticas idênticas, resultando em que cerca de 80% da economia mundial esteja estagnada, com as trágicas consequências daí resultantes para a vida das pessoas.

Finalmente, o globalismo, camuflado nos sinistros interesses da nova ordem mundial que se tem imposto a todo o planeta, atingiu a sua máxima amplitude. Agora o mundo marcha todo a uma só voz, ao som de uma ideologia que por onde passa deixa um rastro de fome, de miséria e de conflitos sociais intermináveis.

E os poucos governantes que têm tido a coragem de desalinhar com o pensamento único imposto, são diariamente massacrados com notícias deturpadas e tendenciosas, denegrindo-se o seu carácter através de falsidades, ou meias-verdades, de todo o género.

Marx e Engels, no interior das suas tumbas, estarão a rejubilar de satisfação. Quando menos se esperava, e sem que um único tiro tenha sido audível, os seus ideais estão em vias de se concretizarem.

Bastou um simples vírus para que a sociedade capitalista se comece a desmoronar!

   

Pedro Ochôa