Portugal outra vez amordaçado

Deveríamos sentirmo-nos provavelmente mais tranquilos quanto mais gente de máscara estiver. Mas confesso que não é esse o meu sentimento.

E, ao fim de 46 anos, Portugal volta a estar amordaçado. Desta vez por razões sanitárias (naqueles outros tempos também havia quem o justificasse assim, mas isso são contas de outro rosário).

Seja como for, não gosto, é uma coisa que me chateia – enfim, adiante.

Andar nas ruas da capital e voltar a ver uma cidade com povo dá algum conforto, ainda que acompanhado do desconforto de ver a grande maioria agora com os rostos tapados.

Deveríamos sentirmo-nos provavelmente mais tranquilos quanto mais gente de máscara estiver.

Mas confesso que não é esse o meu sentimento.

Até porque grande parte dos ‘mascarados’ usa a máscara porque sim – tem-na mal colocada, bem folgada ou até porventura conspurcada, porque reutilizada e mal manipulada.

Usa-a porque alguém disse que é para usar – ainda que ninguém tenha dito que é útil ao ar livre, desde que cumprido o distanciamento recomendado, ou no interior do automóvel em que o condutor segue sozinho –; ou usa-a porque vê os outros usar; ou talvez porque se julga assim imune ao novo coronavírus; e usa-a.

No café da esquina ou ali a meio da rua, são comuns os ajuntamentos nos passeios em redor e a máscara passa inevitavelmente para baixo do queixo, ou fica pendurada numa orelha, que não dá jeito enquanto se fuma mais um cigarro ou se deita abaixo mais uma ‘mini’ ou uma bica em copo de papel ou de plástico (que chávena fria ou escaldada não as há por estes tempos) entre dois dedos de conversa – pequenos prazeres da comunidade que nem o estado de emergência conseguiu impedir.

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