Estado de calamidade. Bom tempo, praia e o aumento de casos mais baixo de sempre

Dezenas de pessoas passearam junto às praias no primeiro dia de estado de calamidade. O regresso à normalidade começa pouco a pouco.

O primeiro dia de estado de calamidade coincidiu com um domingo de calor, em que os termómetros chegaram aos 30 oC em algumas zonas, e com a celebração do Dia da Mãe. Apesar de vigorar “o dever cívico de recolhimento domiciliário”, centenas de pessoas saíram à rua, sobretudo para passear junto ao mar. Aliás, durante o fim de semana manteve-se a proibição de saída do concelho de residência e as autoridades continuaram nas estradas com as habituais ações de fiscalização e sensibilização. Na zona de Carcavelos, em Cascais, por exemplo, o acesso ao areal esteve interdito e a Polícia Municipal fiscalizou durante o dia a movimentação de pessoas. Apesar de não ser possível pisar a areia, muitas pessoas foram passear até junto da praia. E o mesmo aconteceu na Costa da Caparica. Na Ponte 25 de Abril, à semelhança daquilo que aconteceu na Páscoa, todos os veículos foram parados pela PSP para justificarem a saída de casa. Aos que apresentavam motivos não considerados válidos, a PSP pedia que regressassem às suas casas. Apesar de saírem à rua cada vez mais pessoas, é fundamental continuar a ter os cuidados básicos de distanciamento social. Este domingo, a Câmara Municipal de Lisboa voltou a sublinhar as recomendações de uso dos equipamentos públicos. “Ainda não é seguro deixar as nossas crianças brincar nos parques infantis. Temos tempo, os equipamentos vão continuar lá, à espera do som das gargalhadas dos mais pequenos”, escreveu o município de Lisboa. Na capital, aliás, durante o fim de semana, já se viam muitas pessoas sentadas nos bancos, apesar das fitas de proteção colocadas pela PSP. No norte do país, mais especificamente na Foz do Douro, as autoridades foram obrigadas a recorrer a um drone para passar uma mensagem de alerta, uma vez que, durante a manhã, algumas pessoas passeavam à beira-mar e outras chegaram mesmo a estender as toalhas para apanhar sol. Já durante a tarde eram dezenas as pessoas que passeavam, corriam, andavam de bicicleta ou passeavam os cães na Marginal. Além do bom tempo, um dos motivos que levam as pessoas a sair de casa com mais confiança é também o aumento lento do número de casos. Este domingo, o número de infetados por covid-19 aumentou 0,4% – 92 casos -, o que se traduziu no crescimento mais baixo de sempre desde o início do surto. Registaram-se menos seis pacientes nos cuidados intensivos e mais 20 mortes.

 

O que muda

Com a passagem de estado de emergência para estado de calamidade torna-se obrigatório o uso de máscara nos transportes públicos, nos serviços de atendimento ao público, nas escolas, nos supermercados ou nos museus – no fundo, em todos os espaços fechados é necessário usar máscara. Quem não respeitar as regras impostas pelo Governo pode ser punido com uma coima que varia entre 120 e 350 euros.O plano de confinamento para o estado de calamidade entra esta segunda-feira em vigor – apesar de o estado de calamidade ter começado este domingo. Estão proibidos ajuntamentos com mais de dez pessoas e os transportes públicos têm uma lotação máxima de dois terços.Na praia está a partir desta segunda-feira autorizada a prática de desportos náuticos, ainda que não exista, para já, um regulamento definido que determine o acesso dos banhistas.

 

Pequeno comércio reabre esta segunda-feira

Cabeleireiros, barbeiros, centros de estética, lojas de tatuagens, lojas de roupa e stands de automóveis voltam esta segunda-feira a abrir portas. As regras são muitas mas, tal como o i avançou na edição de fim de semana, o pequeno comércio começou a preparar-se mesmo antes de o Governo ter dado luz verde oficial à reabertura dos espaços. De acordo com as regras da tutela, só poderão estar dentro dos espaços comerciais cinco pessoas por cada 100 metros quadrados. Nos cabeleireiros, por exemplo, vai ser necessário marcação e é proibido esperar pelo atendimento dentro do espaço. Além disso, deverá ser deixada uma cadeira livre entre clientes enquanto estão a ser atendidos. No comércio, as portas devem estar sempre abertas para evitar tocar nos puxadores, o mobiliário deve ser organizado de forma a facilitar a circulação dos clientes e, se possível, deve ser usada uma porta para a entrada e outra para a saída. Os funcionários passam agora a trabalhar de máscara ou viseira e aos clientes pede-se o uso de máscara e uma distância física de dois metros. A situação no país é avaliada a cada 15 dias pelo Governo, estando prevista a reabertura dos restaurantes e lojas até 400 metros quadrados no dia 18 de maio e dos centros comerciais no primeiro dia de junho. Apesar das mudanças, durante o mês de maio deve permanecer o teletrabalho.