Aeroporto de Lisboa: aproveitar o tempo de crise para melhorar a decisão

O futuro do tráfego aéreo ver-se-á afetado durante tempo incerto por receios da população e pela redução da atividade económica. No entanto, as premissas do crescimento anterior (baseadas no turismo) manter-se-ão válidas.

O momento atual dificulta a realização de projeções, dada a incerteza do impacto socioeconómico da pandemia que nos assola. Com maior ou menor intensidade, todas as economias serão afetadas e a crise obrigará a repensar o investimento público, num equilíbrio entre apoiar os mais afetados e relançar a economia.
 
O futuro do tráfego aéreo ver-se-á afetado durante tempo incerto por receios da população e pela redução da atividade económica. No entanto, as premissas do crescimento anterior (baseadas no turismo) manter-se-ão válidas. Os desafios pré-crise do aeroporto de Lisboa, como o geral aumento europeu de capacidade/maior alcance dos aeroportos, mais diretamente, a ascensão de Barcelona a hub do 1.º escalão concorrendo pelos mesmos mercados, mantêm-se. Os projetos em curso na maioria serão concluídos nos próximos dois anos.
 
Tendo em conta estas premissas, o investimento aeroportuário deve ser analisado novamente:
 
1. O principal motivo para o governo apoiar o aeroporto no Montijo era a urgência da decisão, já que a Portela estava no limite da capacidade. O Governo alegava falta de tempo para analisar outras propostas de talvez melhor interesse para o país. A atual crise fez-nos ganhar uma janela temporal que nos permite evitar erros graves. 
 
2.A crise atual veio demonstrar a importância da conectividade aérea na competitividade e no abastecimento de produtos de primeira necessidade. Plataformas aeroportuárias mais eficientemente entrosadas com polos industriais-logísticos e interligadas por vias ferroviárias e rodoviárias serão um requisito básico e essencial de competitividade.
 
3.O investimento deve ser produtivo, potenciando o já existente, numa visão de longo prazo que evite sobrecustos e/ou duplicações. Simplicidade, transparência e participação da sociedade serão os essenciais para o rápido avanço de investimentos. 
 
É nesse sentido que voltamos a reiterar que a opção HUB Alverca-Portela apresenta-se como a opção com melhor custo-benefício. Deixando os critérios técnicos que a tornam viável à parte, assim como a perigosidade da pista Montijo, os pontos-chave desta opção são:
 
a) Aproveitamento de uma base aérea disponível em Alverca, sem o pesado custo de mudança operacional;
 
b) A proximidade da cidade, a profusão de acessos rodoviários, e a conexão à principal linha ferroviária do país, quadruplicada até Alverca;
 
c) O entrosamento no principal núcleo logístico Bobadela/Alverca/Azambuja e no cluster aeronáutico OGMA-TAP Engineering;
 
d) Evitar a renegociação de taxas aeroportuárias, ao não haver diferença entre plataformas para as transportadoras aéreas e satisfazer as regras concorrenciais EU;
 
e) Evitar investimentos de curta duração como o alargamento da Portela ou o aeroporto do Montijo que será sempre temporário;
 
f) A melhoria da saúde e bem-estar da população ao desviar 75% do tráfego sobre Lisboa para uma pista em Alverca com trajetórias de aproximação sobre plano de água. 
 
O futuro apresenta-se mais incerto e difícil nos próximos anos. No entanto, cada euro conta e deve ter um retorno muito concreto e palpável. Sejamos responsáveis requerendo a análise da proposta Alverca-Portela (par de pistas paralelas) pelas entidades competentes.
 
Mais informação em https://hubalvercaportela.com/
 
José Furtado, Engenheiro