CIP. Só 3% das empresas receberam apoio das linhas covid-19

António Saraiva diz que burocracia está a travar processo e pede que seja levado a cabo “Simplex Codiv”.

Apenas 3% das empresas que recorreram às linhas de crédito com garantia estatal, no âmbito dos apoios relativos à epidemia de coronavírus, conseguiu ter luz verde por parte das instituições financeiras, passado cerca de mês e meio desde o início dos programas. A garantia foi dada pela Confederação Empresarial de Portugal (CIP) após ter realizado um inquérito junto das empresas.

De acordo com a entidade liderada por António Saraiva, Os pedidos das empresas já atingiram os 9,3 mil milhões de euros, ou seja, acima dos 6,2 mil milhões de euros que são disponibilizados. Uma situação que, no entender do presidente da confederação, deverá obrigar o Governo a reforçar ou lançar nova linha de apoio. 

Para a CIP não há dúvidas: há uma “enorme burocracia”, o que explica que das 43830 candidaturas apresentadas só 16708 foram aprovadas e contratadas 505 até quinta-feira passada. Face a este cenário, António Saraiva, defende que seja levado a cabo um “Simplex Covid” para agilizar este processo. “É fundamental, necessário e urgente que se salvem empresas e postos de trabalho, dando liquidez para que se possam manter”.

Cerca de 84% das empresas inquiridas considera, igualmente, que os apoios anunciados pelo Governo ficam aquém ou muito aquém do necessário e, entre aquelas que já recorreram ao crédito, 46% declara que necessitará de meios de financiamento adicionais para enfrentar a crise.

“Estes dados confirmam o alerta que a CIP tem feito, desde o início do quadro de exceção, de que era necessária uma intervenção mais rápida, com uma maior capacidade financeira, para ajudar as empresas e dar-lhes a capacidade de preservar postos de trabalho”, afirmou António Saraiva.

Duração média

De acordo com o inquérito, o processo tem uma duração média de 28 dias úteis, o que no entender da CIP está associado à “enorme burocracia que está subjacente aos processos de candidatura”, o que faz com que “o financiamento não chegue às empresas”. Daí António Saraiva afirmar que “não temos sabido vencer o desafio a tempo.

O inquérito foi feito com base nas repostas dadas por uma amostra significativa de 1582 empresas, representativas do tecido económico português. Num cenário de amostra probabilística, terá um erro máximo de 2,5% e um intervalo de confiança de 95%. Na semana em que foi feito o estudo, cerca de 83,6% das empresas estavam parcial ou totalmente encerradas.

Este é o primeiro inquérito do Projeto Sinais Vitais, uma iniciativa inédita desenvolvida em conjunto pela CIP e pelo Marketing FutureCast Lab do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, que tem como objetivo recolher informação credível e atualizada sobre o que pensam os empresários e gestores de topo das empresas portuguesas, no quadro da atual situação de exceção. S.P.P.