Secretas alertam para extremistas da ‘supremacia branca’

Conselho de fiscalização dos serviços secretos portugueses sublinham ainda o aumento do cibercrime e ciberataques no âmbito da covid-19.

O parecer relativo ao ano passado do Conselho de Fiscalização do Sistema de Informações da República Portuguesa (CFSIRP) já foi enviado aos deputados do Parlamento e alerta, novamente para os grupos extremistas, ataques terroristas e perigos dos ciberataques acentuados pelo novo coronavírus. 

No relatório, os fiscais das secretas alertam para uma “tendência externa que vai ganhando evidência” dos grupos associados à extrema-direita. São, por isso, destacadas as “posturas identitárias e mesmo de supremacia branca, enquadradas por uma congeminação – radicalizada, torneada aos seus objetivos e convertida em slogan – do chamado aceleracionismo”. 

Os Serviços de Informações portugueses sublinham também o perigo “constituído pelo terrorismo de matriz islamista jihadista” – situação que, aliás, é uma das preocupações centrais desta entidade. Existe, explica a fiscalização das secretas, “uma notória disseminação por novos e vastos territórios da jihad global protagonizada (em termos efetivamente operacionais ou através de processos de radicalização muito assimétricos) pela Al Qaida e pelo Grupo Estado Islâmico e respetivas estruturas afiliadas”.

Quanto aos grupos jihadistas, o CFSIRP refere no relatório que “não está ultrapassada (e não apenas em Portugal) a delicada questão do regresso dos chamados combatentes estrangeiros, incluindo dos respetivos familiares”. Aliás, estas entidades, dizem as secretas, “têm demonstrado uma assinalável resiliência” e a realidade que se vive em várias zonas do continente africano deve “reclamar a preocupação da comunidade internacional, da Europa e de Portugal”. E a justificação é dada pelo facto de estes grupos manterem as suas motivações, continuarem a procurar oportunidades e, acima de tudo, têm capacidade para a “concretização de ações terroristas em solo europeu”. 

O CFSIRP alerta ainda para o “perigo efetivo” das ciberameaças causadas pela covid-19 que acentuaram “de forma notória, o risco da respetiva concretização – para o desempenho de processos e o funcionamento de infraestruturas críticos à vida coletiva, para a sonegação ilícita de informações e conhecimento estratégico e para a indução insidiosa de convulsão social a partir da disseminação online de notícias falsas”.

O CFSIRP volta também a sublinhar a visão dada no último parecer, reclamando “dos Serviços de Informações a criação de novas e muito exigentes capacidades próprias de deteção e análise – razão porque a orgânica dos Serviços de Informações se adaptou já a esta realidade – e a integração de tais capacidades num verdadeiro sistema operacional nacional de prevenção e combate às ciberameaças e ao cibercrime”.