Vacinas caíram para um terço na região Norte e 40% no resto do país

Dados publicados no portal do SNS mostram quebra acentuada da vacinação em abril. Em Lisboa, houve uma redução de 40% na vacinação comparando com o ano passado. No Norte a quebra é ainda mais marcada

A administração de vacinas nos centros de saúde caiu para metade em abril comparando com o mesmo mês no ano passado. Os dados publicados no Portal do SNS, numa plataforma que monitoriza a atividade de vacinação nos centros de saúde, mostram que no último mês foram feitas nos centros de saúde de todo o país 273 mil vacinas, quando no mesmo mês do ano passado tinham sido feitas 473 mil. O balanço de março já mostrava uma quebra de 13% na vacinação face a 2019. No mês passado, a responsável pelo Programa Nacional de Vacinação indicou ao i que até então não havia indicações de quebras significativas na atividade de vacinação nos centros de saúde, remetendo para junho um balanço, uma vez que os serviços deverão chamar crianças com vacinas em atraso. A DGS tem vindo nas últimas semanas a alertar para a importância de não adiar vacinas, em particular o calendário de vacinação previsto para os dois primeiros anos de vida.  

Os novos dados mostram que a quebra na vacinação é mais acentuada na região Norte, onde as vacinas administradas caíram em abril para cerca de um terço do que era habitual neste mês nos últimos nos últimos dois anos (a plataforma contém registos desde 2018).

No mês passado foram feitas 59 971 vacinas nos centros de saúde da Administração Regional de Saúde do Norte, quando em 2019 tinham sido mais de 170 mil. Na ARS de Lisboa e Vale do Tejo, a quebra na vacinação é de 40%. Foram feitas 109 408 vacinas quando em abril de 2019 tinham sido 179 mil. Na região Centro, no Alentejo e no Algarve a diminuição das vacinas administradas nos centros de saúde aproxima-se também dos 40%.

A plataforma não permite perceber que vacinas estão a ficar para trás. Portugal tem uma taxa elevada de cobertura vacinal, perto dos 100%, mas cerca de 15% das crianças fazem as vacinas dos 12 meses, onde se inclui a primeira dose da vacina do sarampo, com mais de um mês de atraso. A DGS tem aconselhado os pais a manterem o plano de vacinação e a procurarem fazer marcação prévia com os centros de saúde, que mantêm os gabinetes de vacinação a funcionar. “Não adiem a vacinação. Já temos uma epidemia, não precisamos de outro surto", apelou em abril a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas.