Turismo mundial com queda entre 60% e 80% em 2020

A OMT estima que 100 a 120 milhões de empregos diretos no setor estão ameaçados e apenas espera ter “sinais de recuperação no último trimestre de 2020, mas sobretudo em 2021″.

O número de turistas internacionais poderá diminuir de 60 a 80% em 2020 devido à pandemia de covid-19, avisou esta quinta-feira a Organização Mundial do Turismo (OMT), que no final de março estimava uma queda de apenas 20 a 30%.

"O mundo enfrenta uma crise sanitária e económica sem precedentes. O turismo foi duramente atingido e milhões de postos de trabalho estão em risco num dos setores da economia que mais mão-de-obra emprega”, afirmou Zurab Pololikashvili, secretário-geral desta organização não governamental das Nações Unidas com sede em Madrid.

As chegadas de turistas já diminuíram 22% no primeiro trimestre do ano e em março registou-se uma queda “abrupta” de 57%, depois do início da contenção em muitos países, segundo a OMT.

A nível mundial, o setor perdeu 80 mil milhões de dólares (74 mil milhões de euros) durante os três primeiros meses do ano, considerando a organização que esta “é, de longe, a pior crise que o turismo internacional enfrentou desde que há registos [1950]”.

"O impacto será sentido em diferentes graus nas várias regiões do mundo com momentos de sobreposição, esperando-se que a Ásia e o Pacífico comecem a recuperar antes", segundo a OMT.

As previsões baseiam-se em três cenários de saída da crise: reabertura das fronteiras e supressão das restrições de viagem no início de julho (descida de 58% nas chegadas), no início de setembro (-70%) e no início de dezembro (-78%).

Entre 100 e 120 milhões de empregos em risco. Por outro lado, a OMT estima que 100 a 120 milhões de empregos diretos no setor estão ameaçados e apenas espera ter “sinais de recuperação no último trimestre de 2020, mas sobretudo em 2021", com uma retoma da procura interna mais rápida do que a da procura internacional.

"As viagens de lazer, especialmente para visitar amigos e familiares, devem recuperar mais rapidamente do que as viagens de negócios", diz o estudo.

As perspetivas mais positivas são para África e o Médio Oriente, "com a maioria dos peritos a prever uma recuperação em 2020", enquanto as Américas são as mais pessimistas, com uma recuperação considerada difícil em 2020.

Para a Europa e a Ásia, "as perspetivas são mistas, com metade dos peritos a preverem uma recuperação no decurso deste ano".