Layoff. Quase 30% das empresas ainda não tinham recebido apoio na semana passada

Para António Saraiva, estes atrasos mostram que “a máquina da Segurança Social não estava preparada” para o “elevado e repentino número de pedidos” de adesão a este regime.

Quase 30% das empresas que aderiram ao layoff simplificado não tinham recebido o pagamento do apoio pela Segurança Social na semana passada, mas a maioria (84%) pagou os salários, segundo um estudo divulgado ontem pela CIP. De acordo com as contas que chegaram à confederação, foram pagos 260 milhões de euros a 107 mil empresas que aderiram a este regime, abrangendo 623 mil trabalhadores.

O estudo teve por base um inquérito, realizado no âmbito do “Projeto Sinais Vitais”, desenvolvido pela CIP em parceria com o Marketing FutureCast Lab do ISCTE e foi feito entre 5 e 7 de maio  e contou com uma amostra de 1451 empresas, das quais mais de 40% do setor da indústria e energia.

Quase metade (48%) das empresas já pediram para aderir ao layoff simplificado e 44% não o fizeram nem pensam vir a fazê-lo, enquanto 8% das empresas que não aderiram ponderam vir a solicitar este apoio aprovado no âmbito das medidas de resposta à pandemia covid-19, revela o mesmo estudo.

Em relação às datas dos pedidos, quase metade (49,1%) das empresas inquiridas solicitou o apoio nos primeiros dias de abril, enquanto 29,2% pediu a medida a partir de 11 de abril e 21,7% em março.

Das empresas que pediram layoff simplificado, 30% ainda não tinham recebido esse apoio em 4 de maio, sendo que 70,6% dos pedidos analisados foram feitos à Segurança Social até 10 de abril. Recorde-se que, o Governo garantiu que os pagamentos relativos aos pedidos que entraram até 10 de abril seriam feitos a 30 de abril, 5 de maio e os restantes em 15 de maio.

O estudo mostra ainda que do total de empresas que solicitaram a medida, apenas 4% admitem não ter cumprido os seus compromissos salariais, enquanto 84% afirma ter cumprido na totalidade e 12% fê-lo apenas parcialmente.

Segurança Social não estava preparada 

António Saraiva voltou a criticar os atrasos nos pagamentos às empresas, lamentando que “a máquina da Segurança Social não estava preparada” para o “elevado e repentino número de pedidos” de adesão a este regime e considera que o Governo devia ter “percecionado e antecipado” a dimensão do processo o que, na opinião do presidente da CIP, não aconteceu. “Estes dados confirmam que existe a necessidade de manutenção da medida de layoff simplificado, mas que é necessário que tenha flexibilidade para se ajustar às necessidades das empresas de diferentes setores”, afirmou. 
De acordo com o estudo, 25% das empresas que solicitou o apoio tem a totalidade dos trabalhadores neste regime e em 30% dos casos o pedido afetou apenas até 20% dos trabalhadores.

A grande maioria das empresas inquiridas (93%) pediu o layoff simplificado por 30 dias e um terço já renovou o pedido. E a sua uma maioria das (75%) considera que este regime é uma medida razoavelmente adequada ou adequada, já 4% considera a medida muito adequada e 21% classificam-na  como nada ou pouco adequada.

Quanto às empresas que ainda não solicitaram o layoff simplificado, mas pensam vir a fazê-lo, quase 38% consideram a implementação da medida pouco ou mesmo nada adequada.
Por sua vez, 16% das empresas inquiridas diz não ter condições de elegibilidade, nomeadamente por ter dívidas à Segurança Social ou uma quebra de vendas inferior a 40%.