Lares registam 477 mortes. Retoma de visitas é “uma nova normalidade não é retornar ao passado”

Além da situação dos lares, a conferência de imprensa das autoridades de Saúde abordou ainda a situação de desconfinamento. Graça Freitas disse que ainda “não se refletiu nenhuma influência na curva”.

Portugal regista agora um total de 1.184 mortes desde o início da pandemia. Na conferência de imprensa desta quinta-feira, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, revelou que, destas mortes, 477 ocorreram em lares e unidades de cuidados continuados.

"259 na região norte, 138 na região centro, 75 em Lisboa e Vale do Tejo, um no Alentejo e quatro no Algarve", revelou a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS).

Neste sentido, e recordando que os lares vão voltar a permitir visitas no próximo dia 18 de maio, Graça Freitas admitiu que a situação será avaliada caso a caso e que as visitas irão ser retomadas apenas se estiverem reunidas as condições necessárias, nomeadamente existência de circuitos, marcações e espaços para visitas.

"Vamos retomar as visitas aos lares na segunda-feira, com segurança", disse a diretora-geral da Saúde, pedindo regras, cuidados e limitações. "É uma nova normalidade, não é um regresso ao passado", avisou.

A diretora-geral da Saúde explica ainda que no caso de alguns lares que têm doentes internados, ou com surtos ativos, a autoridade de saúde pode considerar que não há condições para as visitas. "Tudo depende das condições dos lares", reiterou Graça Freitas.

Tendo em conta a importância da testagem, o secretário de Estado da Saúde, António Sales, revelou que já foram feitos mais de 584 mil testes de diagnóstico. "Somos um dos países da Europa que mais testa. Estamos a fazer um esforço de testagem muito grande", destacou o governante.

Além das creches, Sales diz que os rastreios serão feitos noutros setores, mas que vão começar a ser definidos segmentos de risco para testagem.

Acerca do desconfinamento, Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, destacou que a curva de Portugal "não é diferente dos outros países europeus" e que ainda não se refletiu nenhuma influência na curva apesar do desconfinamento.

"Passaram mais de dez dias das medidas de desconfinamento e não há alteração na curva", disse, acrescentando que tudo indica que os portugueses mantêm as orientações de segurança.

Contudo, "todos os dias podem surgir 200 a 300 novos casos. Em algumas regiões do país o vírus ainda circula bastante e podem surgir pequenos surtos", acrescenta Graça Freitas. 

Sobre o R – capacidade que uma pessoa tem de transmitir a doença a outra – e já depois de o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, revelar, após a reunião do Infarmed, que valor médio do R em todo o país é de 0,98,  sendo mais elevado em Lisboa do que no Centro e mais elevado no Centro do que na zona Norte, Graça Freitas lembrou que este não é o único parâmetro para monitorizar a epidemia.

“O R de Lisboa e Vale do Tejo é ligeiramente superior ao do resto do país. Mas não é um número muito elevado… Não me parece, até agora, que isto reflita uma movimentação especial depois do desconfinamento. Temos de aguardar mais uns dias. Parece-me algo controlado", indicou Graça Freitas.

Já António Sales relembrou que o fio condutor de todo o processo tem sido a "coesão social, consciência cívica e a solidariedade" dos portugueses. Desta forma, o governante diz que é preciso que os portugueses tenham confiança nesta fase de desconfinamento, mas com segurança. "Faço um apelo para que não facilitemos. Confiança sim, mas com segurança. Mantenhamos os nossos comportamentos. É necessário seguir as diretrizes da DGS", pediu.

Questionado sobre a possibilidade de algumas pessoas não terem condições para adquirir máscaras, nomeadamente dificuldades económicas, António Sales garantiu que as "máscaras têm chegado a toda a população" e que o Governo irá ponderar sempre essas questões".

"Tem havido mobilização da sociedade civil e parece-me que as máscaras têm chegado a toda a população. Apelamos para que se mantenha esta mobilização das instituições e das autarquias para que nunca falte máscaras a um português", apelou.

Na mesma conferência de imprensa, o secretário de Estado fez um balanço acerca dos efeitos da pandemia noutros setores da saúde. Segundo o governante, desde janeiro e até 8 de maio, relativamente às endoscopias digestivas altas, houve uma redução de cerca de 22% dessa atividade e, relativamente às colonoscopias, houve uma redução de cerca de 25% dessa atividade.

Desta forma, Sales disse que vai ser feito um esforço para recuperar estas atividades, no mínimo espaço de tempo, tendo em conta que são um importante meio de diagnóstico sobretudo para casos de oncologia.

Nos serviços de saúde primários as consultas médicas baixaram 8,2% e consultas de enfermagem 16%. Nos hospitais, as consultas médicas reduziram 13,5% e meios complementares de diagnóstico cerca de 12%.

O governante voltou a apelar para que as pessoas vão aos hospitais e para "não terem medo".

O secretário de Estado da Saúde revelou ainda que há cerca de 74 mil profissionais de saúde a fazer vigilância ativa a cerca 345 mil utentes a partir da plataforma TraceCovid. A linha SNS24 recebe em média 7 mil chamadas por dia com tempo de espera de atendimento inferior a um minuto. Já a linha de apoio psicológico recebeu cerca de 9.500 chamadas, mil foram de profissionais de saúde. Esta linha é composta por 64 psicólogos, que trabalham por escalas e tiveram formação específica para o efeito – situação psicológica em cenário de crise.

António Sales disse ainda que, na terça-feira, chegou um voo com 4.8 milhões de máscaras cirúrgicas, 220 mil zaragatoas e 22 mil fatos de proteção individual. Este material está no laboratório militar e será distribuído conforme as necessidades.