BCE elogia efeitos das taxas de juro negativas na zona euro

“As taxas de juro negativas apoiaram a atividade económica e, em última análise, contribuíram para a estabilidade de preços”, assegura.

O Banco Central Europeu (BCE) aplaude o efeito que as taxas de juro negativas tiveram nas economias dos países da zona euro, ao suavizar as condições de financiamento, aumentar o crédito e tornar a dívida sustentável. Num artigo publicado no boletim económico, o banco central diz que “a necessidade de suavizar as condições de financiamento deu azo à adoção de uma política de taxas de juro negativas”. E foi mais longe: “as taxas de juro negativas apoiaram a atividade económica e, em última análise, contribuíram para a estabilidade de preços”.

“O efeito principal e mais tangível da política de taxas de juro negativas sobre a estabilidade financeira foi que a reforçou através de uma melhoria da sustentabilidade da dívida em circulação”, afirmam os autores do artigo, Miguel Boucinha e Lorenzo Burlon.

Recorde-se que as taxas de juros oficiais negativas fazem parte da estratégia do BCE desde meados de 2014 para evitar as pressões deflacionistas. Entre 2014 e setembro de 2019 baixou cinco vezes a taxa de juro da facilidade permanente de depósito, estando atualmente em -0,50%.

No entanto, os autores do estudo admitem que o baixo nível das taxas de juro pode contribuir para a acumulação de dívidas e favorecer a sobrevalorização dos ativos financeiros ou bolhas no mercado imobiliário e, por isso, defendem que é preciso aplicar políticas macroprudenciais específicas.

Ao mesmo tempo, as taxas de juro negativas representa, um incentivo para os bancos comerciais aumentarem a oferta de crédito com o objetivo de evitar a taxa negativa aplicada às reservas excedentárias do banco central (excesso de liquidez).

A transmissão da política monetária pode ser enfraquecida se os investidores acumularem dinheiro em vez de realinharem as suas carteiras a favor de ativos de longo prazo ou mais arriscados. Mas até agora não há sinais de “fugas” de liquidez em larga escala devido aos custos das mesmas.

Quota de mulheres reforçada

O BCE adiantou ainda que  tem como objetivo atingir uma quota de mulheres em cargos diretivos e em diferentes níveis entre 40% e 51% até 2026 e adotou mais medidas para aumentar a quota de diretoras na sua equipa.

“Queremos que o equilíbrio de género seja a norma agora e não uma revolução para lutar depois”, disse Christine Lagarde. E acrescentou: “Não devemos esquecer que o género é uma das muitas dimensões da diversidade que todos devemos valorizar. Devemos refletir a sociedade que servimos”.

Depois de não ter cumprido em 2019 os seus próprios objetivos, as novas metas do BCE incluem o preenchimento com mulheres de pelo menos metade dos novos cargos ou vagas.

Recorde-se que o banco central tinha uma quota de diretoras sénior de 30% no final de 2019, acima da meta de 28%, mas a quota de mulheres em todos os cargos de direção era de 30%, abaixo dos 35% estabelecidos.