Valentina queimada pelo pai no banho tentou pedir ajuda à madrasta

Antes de morrer, menina de nove anos foi agredida violentamente. Morreu no sofá.

O pai de Valentina, a menina de nove anos encontrada morta numa zona eucaliptal da Serra D’El Rei, em Peniche, terá queimado a menor com água quente, na banheira, por esta não lhe ter respondido se era vítima de abusos sexuais tanto por colegas da escola como por um homem a quem tratava por padrinho. Segundo um despacho judicial a Sábado teve acesso, Sandro Bernardo queimou-lhe os pés e agrediu-a violentamente nas pernas e no rabo, tentando ainda asfixiá-la. Depois, deu-lhe uma forte pancada na cabeça, o que terá colocado Valentina inconsciente. O casal pegou depois na menina e transportou-a para o sofá, onde ficou cerca de 13 horas em agonia, ao lado dos irmãos, que assim assistiram à sua morte.

De acordo com o depoimento da madrasta, Márcia Monteiro, em tribunal, foi a própria quem conduziu o carro que transportou o cadáver até à zona de eucaliptal, a cerca de seis quilómetros da casa onde viviam. Segundo disse, Valentina, enquanto estava a ser agredida, ainda tentou pedir ajuda através da linguagem corporal.

O pai, de 32 anos, e a madrasta, de 38, recorde-se, vão aguardar julgamento em prisão preventiva. À saída do tribunal de Leiria, de onde saíram algemados e insultados por populares, Sandro Bernardo e Márcia viram assim ser-lhes aplicada a medida mais gravosa, coincidindo com aquilo que foi proposto pelo Ministério Público.

De acordo com a oficial de Justiça, o pai de Valentina é acusado de homicídio qualificado, profanação de cadáver e um crime de violência doméstica, ao passo que a madrasta da menor de homicídio qualificado por omissão e também de profanação de cadáver.

Sandro vai manter-se, para já, na prisão anexa à Polícia Judiciária, em Lisboa, e Márcia aguarda julgamento no Estabelecimento Prisional de Tires.