“É melhor estarmos preparados para que este vírus se venha a tornar habitual nas nossas vidas”

Diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, diz “é melhor estarmos preparados para que este vírus se venha a tornar habitual nas nossas vidas”. “Se não sofrer mutações importantes, o que vai acontecer é que, com o passar do tempo, quer exista vacina ou não, os seres humanos vão ganhando imunidade e o vírus torna-se menos agressivo”,explicou.

O secretário de Estado da Saúde, António Sales, revelou, na conferência de imprensa deste domingo, que já foram realizados cerca de 636 mil testes de diagnóstico à covid-19 em Portugal desde o dia 1 de março. De acordo com o governante, 14 de maio foi o dia com mais testes – cerca de 17.750.

“Já não nos limitamos a testar, procuramos respostas junto do vírus para o combater de forma cada vez mais eficaz. O trabalho dos investigadores dá-nos muita esperança”, realçou o secretário de Estado.

António Sales voltou a reafirmar, quanto as testes a profissionais de saúde, que  “sempre que uma pessoa testou positivo dentro de uma instituição do Serviço Nacional de Saúde, todos os contactos próximos foram testados e monitorizados”.

Na mesma conferência de imprensa, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, anunciou que, nas próximas 24 a 48 horas, serão publicadas duas novas orientações relativamente às grávidas.

“Separamos os procedimentos das grávidas dos procedimentos do recém-nascido. Os profissionais fiquem descansados, vamos fornecer essa informação. Há muitas nuances que foi preciso consensualizar entre obstetras e neonatologistas”, disse a responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS).

António Sales reiterou ainda que as instituições do Serviço Nacional de Saúde (SNS) estão a ser reforçadas além da covid-19.

“À medida que tem evoluído o surto, tem havido um reforço para que a atividade não covid possa vir a ser recuperada o mais celeremente possível. Mantemos as duas atividades para estarmos prevenidos e preparados”, disse, garantindo que “há segurança” e que “os doentes podem ir às suas consultas e cirurgias”.

Questionada sobre a desinfeção de ruas, depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) considerar que esta era uma medida ineficaz no combate ao vírus, Graça Freitas admitiu que “não está provado que seja eficaz usar desinfetantes em grandes superfícies”, mas recomenda a habitual higienização da via pública.

“Numa estrada ou numa rua, a probabilidade de lá existir este tipo de vírus é pequena, dado o tipo de transmissão. Como alguns dos produtos podem ter efeitos negativos no ambiente e na saúde das pessoas, a DGS não a recomenda”, disse. “Diferente disso são as medidas de limpeza habituais das autarquias. Contra a higienização da via pública, obviamente não temos nada contra”, explicou.

Relativamente ao facto de amanhã, segunda-feira, se iniciar uma segunda fase de desconfinamento, o secretário de Estado da Saúde lembra que “entramos num período de recuperação de confiança, mas onde a responsabilidade dos portugueses é tão determinante como tem sido até aqui”. “O medo não nos deve paralisar, deve-nos tomar mais vigilantes”, alertou.

Já a diretora-geral da Saúde considerou que “é melhor estarmos preparados para que este vírus se venha a tornar habitual nas nossas vidas”. “Se não sofrer mutações importantes, o que vai acontecer é que, com o passar do tempo, quer exista vacina ou não, os seres humanos vão ganhando imunidade e o vírus torna-se menos agressivo”, disse. “Se tivermos vacina, melhor. Se não tivermos, vamos ter de conviver com o vírus até termos imunidade natural”, acrescentou.

Sobre a reabertura das praias, António Sales diz que tudo irá depender do “bom senso” e das “boas práticas dos portugueses”. Uma opinião da qual partilha Graça Freitas.

 “O bom senso terá de ser sempre observado quer se esteja no areal, na rua, na água…O que interessa é manter esse hábito de nos distanciarmos fisicamente, pelo menos no contacto frontal, o contacto lateral envolve menos riscos”, disse.