Em abril foram abertas 189 novas unidades de alojamento local (AL), totalizando 656 camas. As contas são da consultora Imovendo e diz que os números “não deixam a menor dúvida sobre a profunda crise que o setor atravessa”, representando o pior resultado dos últimos 64 meses. Ou seja, é preciso recuar a setembro de 2014 para encontrar uma “dinâmica tão baixa”.
Para o CEO da consultora, esta tendência representa “uma evidência da falta de confiança que os investidores atualmente sentem e revela também que as expectativas futuras para o turismo, em geral, e para o AL em particular, são longe de serem animadoras, mesmo com os programas que algumas câmaras municipais já anunciaram, como é do caso de Porto e Lisboa”, afirma Manuel Braga. O responsável mais longe e diz que, o AL “reveste-se hoje de um caráter quase tóxico, quando era encarado, até março, como um produto de elevada rentabilidade”.
Face a este cenário, a consultora admite que, quem apostou neste negócio está à procura agora de outras alternativas, como a venda de ativos ou a sua colocação no mercado de arrendamento de longa duração. “Quem dele dependia para escoar produto reabilitado, vê-se com ativos desvalorizados e com menor procura. Quem nele pensava apostar, retrai-se agora, fruto da elevada incerteza e risco que enquadra o setor”, acrescenta.
Manuel Braga diz, no entanto, que a grande questão é saber se nos próximos meses irão permitir responder “até que ponto a recuperação que aparentemente hoje se vive no mercado imobiliário –com mais leads de procura, com mais negócios a serem realizados, e com uma dinâmica muito interessante a ser assegurada do lado comprador – não resulta apenas de um efeito de ‘válvula de descompressão’ após mais de dois meses de confinamento, sem sustentabilidade ao longo dos próximos meses, e que será alvo de um gradual efeito de erosão por via de quebras reais no turismo internacional, de um aumento do desemprego e sub-emprego e uma maior exigência por parte das instituições financeiras no âmbito da concessão de crédito à habitação”, acrescenta.
“É provável que, à medida que o desconfinamento ocorra, a confiança regresse, mas a amplitude da queda de confiança dos profissionais no futuro próximo obriga a que se reflita sobre as melhores estratégias para acelerar a recuperação e a confiança dos consumidores”, conclui.