Loures regista 12% dos internamentos por covid-19 no país

Se na maioria dos hospitais a tendência é de alívio, o Hospital  de Loures nunca teve tantos doentes internados  com covid-19  

O Hospital de Loures tinha esta segunda-feira 66 doentes internados com covid-19, a ocupação mais elevada desde o início da epidemia. Em contraciclo com a diminuição dos internamentos no resto do país, o Hospital Beatriz Ângelo começou a registar um aumento gradual dos internamentos depois da Páscoa, que se intensificou nos últimos dias, confirmou ao i o presidente do conselho de administração da unidade, Artur Vaz. Na passada quinta-feira, o hospital tinha 57 doentes internados e, entretanto, apesar de alguns doentes terem tido alta e ter havido dois óbitos a lamentar, manteve-se a tendência de aumento.

Além do aumento dos casos, que não foram associados a nenhum surto em particular, uma das preocupações do hospital são os doentes que já podiam ter tido alta clínica, mas para os quais ainda não foi possível encontrar resposta na comunidade. Há 20 doentes com covid-19 nestas circunstâncias no hospital, indicou ao i Artur Vaz, depois de nos últimos dias ter sido possível encontrar resposta para alguns casos e terem sido transferidas duas doentes para outro hospital. Com o hospital cheio, Artur Vaz admite que a gestão de camas está a tornar-se mais complexa, numa altura em que o hospital tem cerca de 12% dos doentes com covid-19 internados do país. “Temos neste momento 72 camas (dedicadas à covid-19), incluindo 10 camas de cuidados intensivos, mas temos tido mais doentes e quando os doentes saem dos cuidados intensivos vão para enfermaria, por isso é uma gestão difícil e que está a ser feita dia a dia”.

De acordo com os boletins diários divulgados pela Direção Geral da Saúde, os concelhos de Lisboa, Loures e Sintra são os que têm registado um maior crescimento de novos casos nos últimos dias, em que se manteve uma tendência de maior alívio na região norte, centro e também no Algarve e Alentejo. O foco no parque industrial da Azambuja é o que tem suscitado maior preocupação mas a diretora-geral da Saúde explicou esta segunda-feira que na região de Lisboa têm sido detetados também surtos pequenos relacionados com obras de construção civil. Artur Vaz admite que alguns casos no concelho poderão estar ligado a esses focos, adiantando que não têm indicação sobre onde os doentes contraíram a infeção. O responsável explica no entanto que a pressão nos diferentes hospitais resulta não só do número de novos casos mas da tipologia dos doentes, que no caso das pessoas com covid-19 diagnosticadas no Hospital de Loures têm sido mais vezes doentes que precisam de ficar internados, ao contrário da maioria dos casos associados ao surto da Azambuja. Ontem mesmo, no briefing diário, a diretora-geral da Saúde indicou que dos 121 casos positivos detetados nos últimos dias na Azambuja, a maioria ligados a um surto no entreposto na SONAE, só 30 têm sintomas e apenas uma pessoa precisou de ficar hospitalizada.

No Hospital Amadora-Sintra, apesar do aumento dos diagnósticos no concelho de Sintra, não se está a verificar a subida nos doentes internados. Esta segunda-feira, o boletim da DGS indicava 72 novos casos no concelho, metade dos 144 casos detetados na região de Lisboa este domingo. Fonte oficial indicou ao i que o hospital Fernando Fonseca tem 38 doentes internados, seis dos quais em cuidados intensivos, quando já chegou a ter perto de 50 doentes com covid-19, pelo que o aumento dos diagnósticos não se tem traduzido em maior pressão.

 

16 menores internados, 14 na Estefânia

Esta segunda-feira foi também noticiado o aumento de crianças internadas no Hospital D. Estefânia com covid-19. Ontem estavam internadas neste hospital, que é a unidade de referência para todos os casos pediátricos de covid-19 na zona Sul do país (de Santarém ao Algarve), 14 crianças, duas em cuidados intensivos.

No briefing diário, a diretora-geral da Saúde adiantou que não há um aumento de casos pediátricos no resto do país e que três das crianças internadas em Lisboa foram encaminhadas do Alentejo. As duas em cuidados intensivos têm problemas crónicos graves de base. Graça Freitas considerou prematuro associar o aumento de casos ao início do desconfinamento.

Segundo o i apurou, o hospital chegou a ter apenas cinco crianças internadas quando se iniciou o desconfinamento, sendo que no momento em que teve mais crianças internadas em simultâneo estiveram hospitalizados no hospital 19 menores.

Ao i, a DGS indicou que além das crianças na Estefânia há mais dois menores internados, sendo no total 16, e nada indica que haja um aumento nas crianças infetadas. Os boletins diários da DGS mostram que o número de novos casos em crianças não tem tido aumentos muito significativos, sendo uns dias mais e noutros menos, mas na casa dos 20 novos casos por dia. A faixa etária dos 20 aos 39 anos é a que tem registado um maior número de novas infeções.