Investigador chinês diz que covid-19 não teve origem em mercado de animais: “O mercado é mais uma vítima”

“Inicialmente, assumimos que o mercado poderia ter o vírus, mas agora o mercado é mais como uma vítima”.

O diretor do Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças defendeu que o novo coronavírus não teve origem num mercado de animais em Wuhan, como inicialmente foi apontado, e que este é mais uma “vítima” do vírus.

De acordo com o jornal estatal chinês Global Times, Gao Fu concluiu que as amostras retiradas do mercado onde se acreditava que o vírus tinha sido transmitido pela primeira vez de um animal para um humano mostram que não existe uma ligação entre os animais ali vendidos e o agente patogénico do vírus.

"Inicialmente, assumimos que o mercado poderia ter o vírus, mas agora o mercado é mais como uma vítima. O novo coronavírus já existia muito antes", disse o investigador.

Recorde-se que em janeiro, Gao Fu disse que o novo coronavírus teve origem num animal selvagem que se encontrava num mercado em Wuhan. Contudo, a opinião do responsável parece ter mudado.

O epidemiologista diz que a origem do vírus não está clara e acrescenta que embora Wuhan tenha sido o primeiro local a denunciar o vírus, tal não significa que o surto tenha começado ali.

Até ao momento, os estudos indicam que o novo coronavírus terá tido origem em morcegos e depois cruzou-se, por meio de uma espécie intermediária, até seres humanos. Ainda assim, qual terá sido a espécie intermediária continua a ser um mistério.

A análise dos primeiros 41 casos confirmados em pacientes hospitalizados com a covid-19 até 2 de janeiro concluiu que 27 dos pacientes podiam estar diretamente ligados ao mercado, os restantes, em minoria, não tinham qualquer relação com o local.

As declarações de Gao Fu fundamentam-se, no entanto, com um estudo publicado por investigadores chineses, no final de janeiro, e que concluiu que o primeiro caso registado – um paciente que adoeceu em dezembro – não possuía nenhuma ligação ao mercado. O que também significa que o vírus já circulava antes de ser detetado.