O rapaz daltónico de Hemingway

Joe Gans, uma das personagens de A Matter of Colour, foi um dos melhores pesos-leves de toda a história do boxe

Duvido que A Matter of Colour seja uma das novelas mais lidas de Ernest Hemingway, mas é de certo aquela na qual a sua paixão pelo boxe tem mais espaço. «’What, you never heard the story about Joe Gan’s first fight?’ said old Bob Armstrong, as he tugged at one of his gloves». E assim iniciada, convenhamos, a história promete.

Joe Gans, como a maioria dos boxeurs, tinha outro nome de nascença: Joseph Gant. Há quem diga que foi o maior peso-leve da história do boxe, como é o caso de_Nat Fleisher, o fundador da revista The_Ring, e não serei a contrariá-lo. Também tinha uma alcunha: The Old Master. Estranha alcunha para quem morreu aos 35 anos, de tuberculose, pouco depois de perder dois combates consecutivos por KO frente a Battling Nelson. Parece que o apodo vinha de um certo vício incontrolável pelo estudo dos movimentos de todos os seus adversários. Não era, decididamente, um dos filhos do boxe-bruto. Era, pelo contrário, um dos pais do boxe-científico.

Aos 17 anos já se preparava com afinco para os seus primeiros confrontos como profissional. Para ganhar uns tostões participava nas populares Battles Royales, batendo-se contra doze oponentes de olhos vendados até que apenas um deles se mantivesse de pé. Divertia-se à brava com isso mas aproveitava igualmente para melhorar os seus golpes.

 

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