“Portugal não pode fingir que não existiu ou não existe pandemia”

O Presidente da República anunciou, no seu discurso do 10 de Junho, que vai homenagear os profissionais de saúde que tratar o primeiro doente com covid-19 em Portugal. E lembrou que este é o tempo de “começar de novo” sem espaço para “cálculos pessoais”.

As cerimónias do 10 de junho são este ano minimalistas e com apenas dois discursos. Antes da intervenção do Presidente da República, discursou D. Tolentino de Mendonça.

O Presidente da República começou por recordar que em tempos de pandemia os políticos “fizeram uma trégua de dois meses”. Para Marcelo estes são “tempos ingratos e decisivos” é que “todas as vidas contam, todas as vidas importam”.

O chefe de Estado avisou que “Portugal não pode fingir que não existiu ou não existe pandemia, como não se pode fingir que não existe crise financeira”.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou também outro alerta: “há cem anos desperdiçamos uma oportunidade única para fazer uma democracia moderna, justa e inclusiva. Desperdiçamos a lição da pneumónica. Cem anos depois, não cometeremos o mesmo erro”. Este é o tempo de “começar de novo” sem espaço para “cálculos pessoais” ou, então, “fazer de conta que o essencial já está adquirido”.

O Presidente da República anunciou ainda que vai homenagear os profissionais de saúde que trataram o primeiro doente da covid-19, sinalizando que esta ação serve também de homenagem aos profissionais de saúde.

Antes, tinha falado D. Tolentino de Mendonça que começou por evocar Camões que também “desconfinou Portugal no século XVI”.

Referindo -se a pandemia da covid-19, não deixou de se referir também aos idosos, considerando que “ o pior que nos poderia acontecer era arrumar a sociedade por faixas etárias”. Mais, os idosos “são extraordinários mediadores de vida”.

O cardeal recordou que todos contam e que “não há super-países como não há super-homens. Podemos amar um país como algo que, precisamente por estar colocado dentro da história está sujeito aos seus solavancos a todos os riscos “. No seu discurso, D. Tolentino de Mendonça usou várias vezes a palavra compaixão, para que não se esqueçam também os jovens ou os imigrantes.

Haverá ainda uma “cerimónia ecuménica” para prestar homenagem aos mortos da covid-19.

A cerimónia terminou pelas 11h50 sem os tradicionais aplausos ou reações no final dos discursos.