O vírus da noite

Não lhe fiz muitas perguntas até porque ele estava um pouco eufórico, não tendo, por isso, tido oportunidade de saber como funcionam esses espaços em tempo de pandemia. Será que as ‘meninas’ andam de máscara? E ficam afastadas um metro e meio dos clientes? E pode dançar-se um slow bem agarradinho? Quem me conhece sabe…

O Paulo é fã da noite e estava desesperado com a fatwa decretada pelo Governo sobre a animação noturna, mas nos últimos tempos deixou de se queixar. Estranhei o seu silêncio e liguei-lhe um dia destes por volta das 22 horas. Qual não foi o meu espanto quando ouvi música do outro lado da linha. Era um pouco dengosa e pareceu-me que era um slow, mas o Paulo não se desmanchou. Só me disse para ligar mais tarde. Por volta das duas da manhã mandou-me um mensagem para ver se eu estava acordado e lá pusemos a conversa em dia. Explicou-me que tinha estado até àquela hora num bar de alterne da zona do Conde Redondo, cumprindo todas as recomendações da Direção Geral de Saúde. Afinal, os espaços por onde andou têm licença de restaurante-bar e podem receber clientes até às 23 horas, podendo estes ficar após essa hora, desde que os estabelecimentos tenham autorização para isso.

Não lhe fiz muitas perguntas até porque ele estava um pouco eufórico, não tendo, por isso, tido oportunidade de saber como funcionam esses espaços em tempo de pandemia. Será que as ‘meninas’ andam de máscara? E ficam afastadas um metro e meio dos clientes? E pode dançar-se um slow bem agarradinho? Quem me conhece sabe perfeitamente que defendo a existência desses e de outros espaços, mas não consigo perceber a razão para os bares e discotecas ditos normais não poderem abrir com as mesmas restrições. Há milhares de empregos em causa, negócios que irão abrir falência e a saúde mental dos clientes também não está a ganhar nada com o encerramento.

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