Covid-19. Depois do sucesso chinês, volta a haver restrições em Pequim

O enorme mercado de Xinfadi foi associado a um surto que se estendeu a quase todos os cantos do país

Depois de meses com a pandemia de covid-19 sob controlo, a China voltou a reapertar o confinamento em Pequim após serem registados 79 novos casos nos últimos dias, relacionados com um mercado de marisco de Xinfadi – no sul da capital, numa área densamente povoada -, cujos comerciantes têm um grande grau de mobilidade. O surto começou em Pequim, mas já se estendeu à província de Liaoning, no nordeste do país, Hebei, no norte, e Sichuan, no sudeste. “A situação de prevenção e controlo epidémico em Pequim é ainda muito séria e há incertezas”, declarou a Comissão Nacional de Saúde, citada pelo Global Times.

“Foi um choque para o Governo chinês. E acreditamos que o risco de uma segunda vaga na China aumentou significativamente no fim de semana”, avisou Ting Lu, principal economista da empresa financeira Nomura, citado pelo Financial Times. Foram demitidos de imediato uma série de dirigentes locais do bairro de Fengtai, onde se situa o mercado, e anunciado que mais de 46 mil residentes seriam testados para o novo coronavírus, segundo a CGTN. Também foram enviados profissionais de saúde um pouco para toda a capital, para medir a temperatura de transeuntes e verificar os códigos QR, que se tornaram obrigatórios tanto à porta de lojas como nos pulsos de cidadãos, monitorizando as suas deslocações. Entretanto, a reabertura de ginásios ou locais de entretenimento em Pequim foi suspensa.

Contudo, o encerramento do enorme mercado de Xinfadi, onde são vendidos cerca de 80% dos alimentos frescos da capital, levou a receios de uma quebra no abastecimento. Não se sabe a origem do surto, mas a notícia de que foram encontrados vestígios do vírus em tábuas de corte de salmão importado levou a uma quebra nas vendas, segundo a Reuters. 

Uma solução para acesso a alimentação podem ser os vendedores de rua, em tempos vistos como sinal de falta de desenvolvimento pelas autoridades: de resto, o chamado “biquíni de Pequim”, típico dos vendedores, que enrolavam a camisola para arrefecer a barriga, chegou a ser proibido. Hoje, em tempos de pandemia, os vendedores de rua até são descritos como o “sangue vital” da China pelo primeiro-ministro, Li Keqiang, e uma boa alternativa aos gigantescos e movimentados mercados chineses, associados a vários surtos, de Pequim a Wuhan.