Morreram 489 profissionais de saúde contaminados na Rússia

“O país não está preparado. Há poucos equipamentos de proteção individual. Para ser honesta, esse problema existe desde o princípio [da pandemia]. Há penúria”, disse Alla Samoilova, chefe da Agência Federal Russa de Vigilância Médica.

 Alla Samoilova, chefe da Agência Federal Russa de Vigilância Médica, revelou esta quinta-feira, dia 18 de junho, durante uma conferência de imprensa em Moscovo, que 489 pessoas ligadas à área da saúde contaminados com covid-19 morreram na Rússia desde o início da pandemia, número significativamente maior do que num relatório precedente.

No fim de maio, o Ministério da Saúde russo indicou que 101 membros do pessoal médico morreram por infeção do novo coronavírus.

Pouco depois das declarações de Alla Samoilova, a Roszdravnadzor veio desdramatizar os dados apresentados pela diretora da instituição.

Num comunicado enviado às agências noticiosas locais, a instituição federal russa de saúde refere que os números apresentados por Alla Samoilova "não são oficiais" e que se "baseiam em dados que circulam na Internet".

No entanto, a Roszdravnadzor não avançou com qualquer balanço alternativo.

Uma lista não oficial, que tem vindo a ser divulgada por médicos russos desde abril, dá hoje conta da morte de 444 cuidadores infetados pela covid-19.

Segundo reporta a agência noticiosa France-Presse (AFP), no decurso da conferência de imprensa, que decorreu através de videoconferência, Alla Samoilova mostrou-se "muito franca".

"Teremos de fazer qualquer coisa para impedir [a morte de cuidadores]? Provavelmente sim", sublinhou.

Desde o início da pandemia que os membros do pessoal médico russo, em particular os que trabalham fora de Moscovo, se queixam da penúria de equipamentos de proteção nos hospitais.

"O país não está preparado. Há poucos equipamentos de proteção individual. Para ser honesta, esse problema existe desde o princípio [da pandemia]. Há penúria", sublinhou Alla Samoilova.

Segundo a responsável da Roszdravnadzor, os hospitais estão "delapidados", pois faltam também medicamentos e organização.

"Nem sempre é possível criar zonas vermelhas reservadas aos pacientes infetados, nem tão pouco isolá-los", acrescentou, considerando que os médicos e o restante pessoal sanitário têm sido "heróis".