Ministra faz discurso duro e admite dificuldade em quebrar “cadeias de transmissão”

Marta Temido começou por enumerar, durante o briefing desta sexta-feira, as penas de prisão e de multa associadas ao incumprimento do dever de confinamento a que estão sujeitos os infetados. Situação no IPO de Lisboa é grave mas “está controlada”. Governante não revelou logo o facto de um destes doentes infetados ter morrido.

Ministra faz discurso duro e admite dificuldade em quebrar “cadeias de transmissão”

Marta Temido mostrou-se preocupada, na conferência de imprensa desta sexta-feira, com o constante crescimento de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo, que, assumiu ser há várias semanas o "motor" da pandemia no país.

A esse propósito, a governante anunciou que na segunda-feira haverá uma reunião que contará com a presença do primeiro-ministro e os autarcas desta zona do país.

O discurso de Marta Temido foi duro e insistente na necessidade do cumprimento das recomendações da DGS para travar finalmente o aumento de contágios na Grande Lisboa.

"Isto é uma maratona, não é um sprint. Não é possível baixar a guarda e estão redondamente enganados aqueles que pensem que podem baixar a guarda”, afirmou.

Os números mostram que está a ter-se “dificuldade em quebrar as cadeias de transmissão", admitiu a ministra da Saúde.

A governante fez mesmo questão de enumerar as penas de prisão e de multa associadas ao incumprimento do dever de confinamento a que estão sujeitos os infetados. "Não há nada que fundamente o desrespeito pelo confinamento obrigatório e esse desrespeito merecerá o nosso mais vivo repúdio”, avisou.

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, pediu “calma” e “ponderação” quando questionada sobre a reabertura de bares de discotecas, e deu o exemplo da festa em Lagos, que gerou “pelo menos 90 casos positivos”, entre os que estiveram na festa e os que não estiveram, incluindo crianças com menos de nove anos. 

A conferência de imprensa ficou ainda marcada pela atualização do número de infetados associados ao foco no IPO de Lisboa, que conta agora com 88 diagnósticos positivos, 40 profissionais, 33 doentes e 15 prestadores externos, desde o início da epidemia. No âmbito deste surto foram detetados 13 profissionais e 17 doentes com covid-19, perfazendo um total de 30.

Apesar de aumento significativo no total de contágios, a ministra garantiu que “a situação está controlada”. Aliás, inicialmente a governante nem revelou que um destes doentes infetados tinha morrido, essa informação só foi confirmada mais adiante na conferência.

A fechar uma conferência de imprensa, a ministra adotou novamente um tom mais duro e voltou a deixar fortes avisos: "Continuamos em estado de calamidade, não sabemos até quando o vamos manter". "Isto é momento de pôr os pés na terra e pensar que não está tudo adquirido porque não está, acrescentou, referindo-se às situações de Lisboa e Vale do Tejo e do Algarve.

"Não há estado nenhum que consiga fazer aquilo que é também responsabilidade dos indivíduos", rematou.