BE quer ouvir ministra sobre despedimentos na Super Bock

Comissão de Trabalhadores considera despedimentos uma opção “incompreensível” e alega que “o interesse incide exclusivamente no corte com salários” dos colaboradores da unidade sediada em Matosinhos.

O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda pediu esclarecimentos à ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, sobre a situação na empresa Super Bock, com sede em Matosinhos, que anunciou a intenção de despedir mais de uma centena de trabalhadores.

O bloco alega que, na semana passada, o grupo Super Bock anunciou “que iria proceder ao despedimento de 10% dos trabalhadores”, decisão justificada com a crise provocada pela pandemia de covid-19. De acordo com empresa, ter-se-á verificado uma "significativa redução da atividade” nesta fase, bem como “o cenário de recessão previsto para o futuro próximo, forçam a empresa a reajustar a sua estrutura para defender e proteger a sustentabilidade do grupo". A Super Bock invocou ainda “o impacto negativo resultante da paragem dos hotéis, restaurantes e cafés no mercado de bebidas”.

De acordo com o relatório de 2018, o grupo Super Bock teria 1310 trabalhadores, dos quais 1060 seriam efetivos. Esta decisão poderá, portanto, resultar no despedimento entre 100 a 130 trabalhadores.

Trabalhadores não aceitam argumentos. A decisão da empresa é também contestada pela Comissão de Trabalhadores (CT) que considera esta opção “incompreensível uma vez que se aproxima uma altura do ano em que empresa precisará de mais trabalhadores”. A CT acrescenta ainda que “com o processo de desconfinamento social, a fábrica assumiu níveis de produção de quase 100%, em alguns casos acima disso”.

A empresa tem atingido resultados extraordinários, permitindo que se financie a si própria, mantendo os índices de endividamento em valores residuais, sem necessidade de qualquer injeção de capital por parte dos acionistas, que se limitam a, anualmente, vir recolher os lucros”, para além de ter uma boa saúde financeira, a julgar pela “recente aquisição dos terrenos adjacentes à fábrica, sem propósito definido, precavendo eventuais necessidades de expansão, por um custo perto dos cinco milhões de euros”, lê-se num comunicado da CT, que alega que “o interesse incide exclusivamente no corte com salários.