Estupefacção

Claro que devíamos dizer que numa gestão razoável e bancária, antes de o Novo Banco, todos os restantes Bancos se deveriam sentir igualmente necessitados de ajudas. Tanto mais que nenhum partiu de uma situação tão favorável, em que os maus activos foram afastados de início.

por Pedro d'Anunciação

O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa afirmou-se estupefacto, por ouvir o presidente do BES dizer já que deve precisar de muito mais dinheiro para o ano, por causa da Pandemia. Disse isso antes de declarar que não comenta factos deste tipo. Mas o afirmar-se estupefacto já é um comentário, e bem definido. Como se tem visto, e interpretado por tantos comentaristas.

Claro que devíamos dizer que numa gestão razoável e bancária, antes de o Novo Banco, todos os restantes Bancos se deveriam sentir igualmente necessitados de ajudas. Tanto mais que nenhum partiu de uma situação tão favorável, em que os maus activos foram afastados de início. Portanto, não é razoável que os restantes Bancos sejam obrigados a ‘ajudar’ este, por causa da Pandemia.

No entanto, também nenhum outro Banco conseguiu fazer com o Estado o negócio da China que os novos donos do Novo Banco fizeram. E este presidente, afinal, talvez nem seja tão mau como parece (embora suponha que mais ninguém o quererá para administrador). Provavelmente, limita-se a fazer o que os accionistas lhe disseram, para sacar todo o dinheiro possível ao Estado português e seus contribuintes – incluindo os que são clientes do dito Banco.