Consumo em Portugal caiu 25%

Os dados foram revelados pela SIBS e analisou o período dos 100 dias desde que foi declarado o Estado de Emergência em Portugal.

O consumo em Portugal baixou 25%. Os dados foram revelados pela SIBS e analisou o período dos 100 dias desde que foi declarado o Estado de Emergência em Portugal, apesar da reabertura e da recuperação gradual global da economia, com uma estimativa de transações perdidas no período de pandemia (março a junho) de 8 mil milhões de euros, equivalente a cerca de 200 milhões de transações.

"Em crescimento está a utilização e o peso do serviço MB WAY como meio de pagamento no total das compras físicas, ao atingir valores recordes nos últimos meses, tendo neste período duplicado o volume de transações face ao início do ano, antes do aparecimento do primeiro caso de COVID-19 em Portugal. Afirmando-se cada vez mais como a opção mais utilizada pelos Portugueses para efectuar pagamentos “sem contacto” no telemóvel", refere a empresa, em comunicado.
 
Segundo os mesmos dados, o período de confinamento  gerou uma quebra de cerca de 50% das compras físicas face aos meses pré-COVID de janeiro e fevereiro. Nas compras online, a diminuição foi menos expressiva, de apenas 17%, pelo que estas assumiram um peso maior no total de transações realizadas. "Ou seja, o peso do e-commerce no total de compras passou de 9%, no período antes da pandemia, para 14% no período de maior confinamento e situa-se agora nos 11%. Esta preponderância do canal digital poderá evidenciar tanto a necessidade – fruto do confinamento – como a preferência – por segurança – da utilização do canal digital, embora não seja suficiente para compensar a queda do consumo global", refere.
 
Os dados referentes às compras com cartão através da rede Multibanco e comparando comportamentos pré e atual crise sanitária, permitem concluir que 60% dos consumidores reduziram significativamente as transações feitas com cartão face ao observado anteriormente, e apenas 10% se incluem num grupo que não demonstra sinais de ter “confinado”. Nesta análise, sobre a utilização de cartões com operações regulares (2 ou mais transações por semana no período de janeiro-fevereiro 2020), percebe-se que cerca de 15% “confinaram totalmente”, 45% confinaram seriamente, 30% confinaram moderadamente e 10% “não confinaram”.
 
Nas compras em loja, o serviço MB WAY demonstrou um comportamento distinto dos pagamentos com cartão, registando um crescimento assinalável na utilização média diária neste ‘retorno gradual’ da economia, correspondendo ao  final do período em análise, em comparação com a média anterior ao primeiro caso em Portugal. "Enquanto as compras em loja com cartões continuam ainda numa média inferior a janeiro e fevereiro, apesar da recuperação gradual do consumo (cerca de 80% do volume normal), as compras físicas através do serviço MB WAY registam um incremento de 93% do volume de transações face ao início do ano, demonstrando a procura por um método de pagamento mais seguro e sem contacto (smartphone) e indicando uma mudança permanente nos hábitos do consumidor. No que toca aos valores médios por compra, os dados demonstram um aumento progressivo face à média de 34,7 euros no período pré-pandemia durante as fases de preparação (36,7 euros) e de maior confinamento (39,3 euros). O valor médio por transação em loja apenas reduziu na fase de retorno gradual para 37,8 euros por transação, ainda assim acima da média anterior ao registo do primeiro caso em Portugal", salienta.
 
O crescimento dos pagamentos através do MB WAY também se verificou no e-commerce, contrariando novamente a tendência global. Este serviço, apresentando-se como um método de pagamento mais seguro online – sem necessidade de inserir dados do cartão – registou um comportamento resiliente durante o período de maior confinamento, com número de transações a 5% acima do verificado em janeiro e fevereiro, e ganhou um peso ainda maior na fase de retorno gradual, na qual a utilização média diária ficou 26% acima do registo nos primeiros dois meses de 2020. Analisando o valor médio por transação no e-commerce, após uma redução na fase de preparação, os consumidores aumentaram progressivamente os gastos por cada compra online face à média de 37,5 euros em janeiro e fevereiro. Durante a fase de confinamento a média aumentou para 39,4 euros por compra e no retorno gradual o valor atingiu os 39,8 euros de média por transação.
 
Na análise ao consumo em loja por setor de atividade, os dados demonstram que o comércio de proximidade física – mercearias & minimercados e produtos alimentares, bebidas & tabaco – foram os únicos que contrariam a tendência geral de quebra do consumo, apresentando-se como setores contra cíclicos, verificando um número de transações ao longo da pandemia superior ao do início de ano. Os setores dos super & hipermercados, gasolineiras/matérias-primas e farmácias & parafarmácias mostraram-se resilientes ao longo do período em análise, com alguma quebra no volume de transações durante o período de confinamento mas com uma recuperação muito rápida na fase de retorno gradual. Entre os setores mais vulneráveis aos efeitos da pandemia nas transações surgem a restauração, moda & acessórios, transporte de passageiros e alojamento turístico. Neste setores, foi registada uma diminuição muito significativa no período de confinamento e a recuperação está a ser gradual.
 
"Mais dados interessantes relativamente a outros segmentos da economia mostram que começa a verificar-se um regresso gradual ao turismo interno, com os hotéis com restaurante a 60% dos volumes de início de ano. Já as agências de viagem parecem evidenciar a falta de interesse no turismo fora de Portugal, com manutenção da atividade nula mesmo após o fim do confinamento. Por outro lado, a atividade veterinária manteve-se resiliente ao longo do período de pandemia, verificando quebras na ordem dos 30% no período de confinamento, e mostrando agora já valores superiores ao início de ano com o retorno gradual da economia. Já os dentistas viram reduções na sua atividade de 90-100% durante o período de confinamento".
 
Na análise às compras online por setor de atividade, é possível perceber que os crescimentos mais significativos foram registados em alguns dos setores mais afetados pelo fecho dos estabelecimentos físicos. A moda & acessórios e a restauração registaram um crescimento significativo face aos meses pré-pandemia na média diária de transações online, tal como os setores da cultura, entretenimento & subscrições e do comércio alimentar & retalho. Ainda assim, este crescimento foi sobretudo baseado no desvio do consumo em loja para o digital, apesar de o aumento no e-commerce não ter sido suficiente para compensar a diminuição de transações físicas. Os setores do lazer e do transporte de passageiros registaram as quebras mais significativas na média diária de transações online durante o período de confinamento, com uma recuperação lenta na fase de retorno gradual.
 
O volume de compras internacionais (estrangeiros em Portugal e portugueses no estrangeiro)  em loja durante a pandemia sofreu quebras muito significativas, principalmente no que toca às transações feitas com cartões internacionais em Portugal. Durante a fase de confinamento, a redução da média diária de compras físicas de estrangeiros foi equivalente a 83% face à média anterior ao primeiro caso registado em Portugal, com uma pequena recuperação na fase de retorno gradual, registando-se ainda assim uma média 72% inferior à registada no pré-pandemia. As compras com cartões portugueses no estrangeiro diminuíram 65% durante a fase de confinamento, recuperando ligeiramente na fase de retorno gradual apesar de ainda ser registada uma quebra de 53% em comparação com a média de janeiro e fevereiro. As tendências verificadas indiciam uma quebra no turismo com o encerramento de fronteiras e um regresso de emigrantes aos seus países, com uma recuperação apenas ligeira nas semanas de desconfinamento.
 
Numa análise regional, a Região de Lisboa e Vale do Tejo e a Região Autónoma da Madeira foram as que evidenciaram um maior grau de confinamento, registando quebras de consumo na ordem dos 50% no período de maior confinamento face ao início do ano. Além disso, são também estas as regiões que mais longe estão dos valores pré-crise (69% a 79%, respectivamente). Já a Região do Alentejo, a Região do Algarve e a Região Autónoma dos Açores mostraram menor grau de confinamento, com o Alentejo a aproximar-se já dos valores registandos antes da pandemia. As duas maiores cidades do país, Lisboa e Porto, assistiram a uma descida de 65% a 70% no consumo global no período de confinamento quando comparado com os volumes registados no início do ano. A capital ainda está a 50% dos valores antes da pandemia. De referir, por fim, que os concelhos cujo número de infetados numa fase inicial – a 24 de março – é mais elevado, apresentam reduções mais abruptas no número de transações, com os indivíduos a adotarem mais severamente comportamentos de isolamento.