OE Suplementar. “Há custos que poderiam ter sido evitados”

O alerta é dado pela entidade liderada por Ferraz da Costa e diz que as empresas encerram pela falta de liquidez. 

O Fórum para a Competitividade dá cartão vermelho ao Orçamento Suplementar. Para a entidade liderada por Ferraz da Costa não há dúvidas “no apoio à liquidez, há custos e complicações que provavelmente poderiam ter sido evitados; a dedução à coleta de IRC de 20% dos investimentos realizados é extraordinariamente importante, não obstante o reduzido poder de fogo; no apoio à concentração, os incentivos deveriam ser bem mais ambiciosos; não há medidas para o reforço dos capitais próprios das empresas; o racional económico do novo adicional sobre a banca é incongruente; a redação da lei não é clara, a sua retificação é necessária e urgente”.

O Fórum para a Competitividade lembra ainda que “mais do que pelas perdas, as empresas encerram pela falta de liquidez. E tal como na crise internacional de 2008 e nacional de 2011 a falta de liquidez é hoje o primeiro grande problema e tenderá a agravar-se” e, como tal, acrescenta que “os pagamentos por conta poderão ser reduzidos ou mesmo totalmente evitados no ano de 2020”.

Contração da economia

O Fórum para a Competitividade prevê uma contração da economia nacional de entre 9% a 15% este ano, destaca na última síntese de conjuntura que os indicadores de confiança de junho recuperaram em todos os setores – com destaque para a indústria transformadora – e que os valores de atividade de maio foram menos negativos do que no mês anterior (ainda que o consumo de energia elétrica tenha sido exceção, com uma redução de 13,2%)

No entanto, os técnicos acreditam que os consumidores portugueses “estão ainda muito limitados pelo medo”, o que se confirma pela “forte subida das taxas de poupança”. “Só há poupança quando há rendimento, pelo que esta retração do consumo será fruto de dois medos: ou do contágio imediato ou medo de perda de rendimentos no curto prazo, se a situação se deteriorar”, pode ler-se no documento divulgado ao final desta manhã.

E as perspetivas não são animadoras: “No final de junho, a subida do número de casos na Grande Lisboa e a resposta do Governo já conduziram a um aumento do confinamento, incluindo do auto-imposto, que deverão ter reflexo na atividade durante os próximos tempos, uma novidade que será importante acompanhar”, refere na nota de conjuntura.

Recorde-se que no primeiro trimestre, a economia portuguesa contraiu 2,3% em termos homólogos, de acordo os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística. Em causa está o impacto da pandemia de covid-19 na atividade económica do país, ainda assim, 0,1 pontos percentuais abaixo da previsão do instituto. A estimativa rápida das contas nacionais trimestrais, publicada em meados de maio, apontava para uma queda homóloga do PIB português de 2,4% em relação aos primeiros três meses de 2019 e de 3,9% em cadeia, mas o saldo comercial acabou por ser melhor do que o esperado.