TAP. Pedro Nuno Santos antevê negociação “dura” com Bruxelas sobre plano de reestruturação

O ministro alerta que caso a reestruturação da companhia aérea não seja aprovada pela Comissão Europeia a TAP “corre o risco de ser liquidada”.

O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, admitiu que a negociação com a Comissão Europeia relativamente ao plano de reestruturação da TAP “será inevitavelmente dura”, mas acrescenta que  “não tem é de ser o filme de terror que alguns dizem”.

Em entrevista ao Jornal de Negócios, Pedro Nuno Santos adiantou que caso o plano de reestruturação – condição imposta por Bruxelas para aprovar o empréstimo do Estado à TAP de até 1,2 mil milhões de euros, para fazer face à crise provocada pela pandemia – não seja aceite, “a empresa corre o risco de ser liquidada. “Isto é uma coisa séria”, alerta.

O governante confirmou que a nacionalização esteve mesmo perto de avançar, e só com essa possibilidade em cima da mesa foi possível chegar a acordo com David Neeleman, o principal acionista privado da companhia. “Provavelmente se a possibilidade de nacionalizar não fosse credível não tínhamos conseguido fechar o acordo”, disse.

Críticas a Neeleman e elogios a pedrosa O Estado pagou 55 milhões de euros pelos 22,5% que pertenciam a David Neeleman, passando a deter 72,5% do capital da TAP. Humberto Pedrosa, parceiro de Neeleman no consórcio Atlantic Gateway (que detinha 45% da companhia), mantém-se na estrutura com 22,5% do capital, enquanto os restantes 5% se mantêm na posse dos trabalhadores.

Nesta entrevista, Pedro Nuno Santos adianta que Neeleman podia ter feito um encaixe bem maior, caso tivesse vendido a sua participação à Lufthansa, no início deste ano – negócio que não se concretizou – e que a atual avaliação feita pelo Estado “não tem nada a ver” com a que tinha sido feita pelo comprador alemão. 

O ministro voltou a criticar a posição de Neeleman ao longo deste processo, deixando, todavia, elogios a Humberto Pedrosa: “David Neeleman nunca esteve disponível para aceitar as condições que o Estado exigia e Humberto Pedrosa esteve disponível desde a primeira hora. Se David Neeleman tivesse a mesma posição que Humberto Pedrosa desde o início, não ficávamos com 72,5%. Humberto Pedrosa foi, em todo este processo – e digo isto à vontade porque sou um ministro à esquerda -, um empresário patriota. Percebeu o que estava em causa e não exigiu nenhum encaixe financeiro”.