EDP. CMVM suspende ações e analista diz que impacto pode ser “catastrófico”

Analista contactado pelo i admite que novos desenvolvimentos no caso EDP podem colocar em causa a execução do plano estratégico da empresa.

As ações da EDP e da EDP Renováveis foram suspensas pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), logo após ser conhecida a decisão do  juiz Carlos Alexandre ao decretar a suspensão de funções de António Mexia e João Manso Neto, no âmbito caso judicial sobre os CMEC. O regulador aguarda “a divulgação de informação relevante ao mercado” por parte das duas empresas.

As consequências não se fizeram esperar. “Como se previa está a ter impactos altamente negativos: A ação caiu mais de 2% depois de ter estado todo o dia a valorizar. António Mexia e Manso Neto são gestores reconhecidos mundialmente pelas suas qualidades e, neste momento, o mercado começa a reconhecer a saída destes dois gestores à frente da EDP / EDPR”, diz ao i, Pedro Amorim, analista da Infinox. 

Feitas as contas, as ações da EDP perderam 2,53% para os 4,34 euros, enquanto os títulos da EDP renováveis caíram 1,40% para os 12,64 euros por ação.

Para o responsável, o futuro é incerto e poderá causar danos. “O impacto nas ações pode ser catastrófico, e afetar toda a bolsa nacional”. O analista lembra ainda que a gestão nos últimos anos tornou a ação da EDP bastante apetecível pela sua capacidade de inovação e rentabilidade em dividendos. “Este caso pode afetar a confiança dos investidores no grupo EDP e manchar a reputação da empresa, uma vez que a EDP é uma das ações portuguesas com mais visibilidade a nível internacional”.

E as consequências não ficam por aqui. De acordo com Pedro Amorim, “no ponto de vista do mercado financeiro, pode até colocar em causa a qualidade da justiça portuguesa uma vez que estamos a falar de factos ocorridos há bastante anos atrás. Demonstra uma justiça fraca e lenta, uma péssima imagem para quem quer realizar investimentos em Portugal”. 

Já em termos estratégicos, estes novos desenvolvimentos podem colocar em causa a execução do plano estratégico da companhia. “A EDP estava a executar um plano de estruturação com vista na melhoria dos processos internos, a nível da sua eficiência máxima, para aumentar ainda mais os seus resultados”, acrescenta ao i.