Bruxelas agrava previsões para Portugal e prevê contração do PIB nos 9,8%

Esta previsão está agora alinhada com os cenários base do Banco de Portugal e da OCDE para a economia portuguesa, que apontam para recessões de -9,5% e -9,4%.

Bruxelas prevê uma contração de 9,8% do produto interno bruto (PIB) este ano. Trata-se de um agravamento face às previsões reveladas há dois meses, altura, em que a Comissão previa que a contração se situaria nos 6,8%.

Em causa está uma inversão acentuada da actividade económica desde março, principalmente no setor do turismo. No segundo trimestre, o PIB caiu 3,8% em relação ao trimestre anterior e 2,3% em relação ao primeiro trimestre do ano passado.

Esta previsão está agora alinhada com os cenários base do Banco de Portugal e da OCDE para a economia portuguesa, que apontam para recessões de -9,5% e -9,4%, respectivamente. FMI e Conselho das Finanças Públicas estimam quebras de -8% e -7,5%. 

E as perspectivas não são animadoras. Ao longo deste ano o desempenho económico deverá deteriorar-se a um ritmo acentuado de cerca de 14% (trimestre a trimestre), refletindo aquilo que Bruxelas designa como "contrações dramáticas na maioria dos indicadores económicos".

Já a economia da área do euro registará uma contração de 8,7 % em 2020 e um crescimento de 6,1 % em 2021. Por sua vez, a economia da UE deverá contrair-se 8,3 % em 2020 e crescer 5,8 % em 2021. A contração em 2020 deverá, portanto, ser significativamente superior aos 7,7 % previstos para a área do euro e aos 7,4 % projetados para a UE no seu conjunto nas previsões da primavera. O crescimento em 2021 será também ligeiramente menos vigoroso do que o projetado na primavera. 

De acordo com Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo, “O impacto económico do confinamento é mais grave do que se previa inicialmente. Continuamos a navegar em águas agitadas e enfrentamos numerosos riscos, incluindo outra grande vaga de infeções. Esta previsão ilustra claramente a necessidade de um acordo sobre o nosso ambicioso pacote de recuperação, NextGenerationUE, para ajudar a economia. Para este ano e o próximo, podemos esperar uma retoma, mas teremos de estar vigilantes quanto ao ritmo diferente da recuperação. Temos de continuar a proteger os trabalhadores e as empresas e a coordenar estreitamente as nossas políticas a nível da UE, a fim de assegurar que saímos desta crise mais fortes e unidos”

Também Paolo Gentiloni, comissário europeu responsável pela Economia, afirma que “o  coronavírus causou a morte de mais de meio milhão de pessoas em todo o mundo, um número que continua a aumentar diariamente — em algumas partes do mundo a um ritmo alarmante. Estas previsões revelam os efeitos económicos devastadores dessa pandemia. A resposta da política económica em toda a Europa ajudou a amortecer o golpe para os nossos cidadãos, mas continua a ser uma história de divergências crescentes, desigualdade e insegurança. E é por este motivo que é tão importante alcançar rapidamente um acordo sobre o plano de recuperação proposto pela Comissão, a fim de injetar mais confiança e mais recursos financeiros nas nossas economias neste momento crítico”.