DGS preocupada com calor extremo

Ondas de calor podem fazer disparar mortalidade. No final de maio, o aumento das temperaturas foi associado a um aumento de 510 mortes.

A diretora-geral da Saúde alertou ontem para o risco associado às temperaturas elevadas que estão previstas para o país esta semana, em particular no Interior. Na intervenção inicial no briefing sobre a covid-19, Graça Freitas chamou a atenção para o calor extremo e o risco de descompensação de doentes crónicos, isto depois de já em junho ter assumido que uma onda de calor no final de maio foi associada a um excesso de 510 mortes.

Se na altura não houve tantos alertas, nos últimos dias multiplicaram-se os avisos da Proteção Civil e também informação da DGS nas redes sociais a sensibilizar para o aumento das temperaturas. “São conselhos médicos que todos conhecemos mas nesta altura em que estamos preocupados com a covid-19, não podemos ignorá-los”, disse Graça Freitas, recomendando aos doentes crónicos que, em caso de dificuldade, entrem em contacto com os médicos assistentes.

Ao longo dos últimos anos houve algumas ondas de calor com um forte impacto na mortalidade, um fenómeno documentado em vários países. A última aconteceu em agosto de 2018, quando só em dois dias de calor extremo morreram mil pessoas no país, quase o dobro do que é habitual nesta altura do ano. Os dias 5 e 6 de agosto daquele ano, marcados por temperaturas na casa dos 40oC, mostraram também a vulnerabilidade das instituições, onde o ar condicionado não foi suficiente para manter temperaturas confortáveis. 

Em 2013, uma onda de calor que se prolongou entre o final de junho e 14 de julho foi associada a um excesso de 1684 mortes. Já em 2003, uma vaga de calor terá provocado 2099 mortes em Portugal.
A DGS recordou ontem as principais precauções a ter perante as temperaturas elevadas, da hidratação ao uso de roupas leves, em particular por pessoas mais vulneráveis como idosos e crianças pequenas e sobretudo doentes crónicos. 

Aumenta o risco de incêndio

Numa semana quente em que as temperaturas voltam a ultrapassar os 30 graus em todo o país, o risco de incêndio é elevado – nove distritos, maioritariamente no interior, encontram-se em estado de alerta especial laranja nos próximos dois dias. E ontem, um fogo com três frentes ativas lavrava, até à hora de fecho desta edição, com grande intensidade numa área florestal em São Marcos da Serra, em Silves, distrito de Faro, com onze meios aéreos e mais de 200 bombeiros no local. “Foi decretada a passagem para o estado de alerta especial laranja para os seguintes distritos: Beja, Bragança, Castelo Branco, Évora, Faro, Guarda, Portalegre, Santarém, Vila Real”, referiu ontem o comandante operacional Duarte Costa, em conferência de imprensa na sede da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).

Ontem, o PSD acusou o Governo de desrespeitar os bombeiros devido ao atraso nos pagamentos dos profissionais do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR), alusivos ao mês de junho. “É uma autêntica vergonha”, atirou o partido, numa pergunta dirigida ao ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, acusando-o de “incompetência no planeamento”. “É incapaz de assumir as suas responsabilidades, protegendo-se por detrás da máquina administrativa”, concluiu. No passado domingo, a Associação Nacional de Bombeiros e Agentes de Proteção Civil admitiu que a ANEPC não havia liquidado a remuneração das equipas de bombeiros. O Governo já adiantou que o pagamento vai ser regularizado ao longo desta semana.