Número da criação de novas empresas recupera em junho

Numa análise global ao primeiro semestre – em que foram criadas 17 932 empresas em Portugal –, o barómetro Informa D&B conclui que a pandemia provocou uma descida de 35% na constituição de novas empresas, em comparação com o mesmo período de 2019.

Em junho deste ano nasceram 2581 novas empresas, um número que começa a aproximar-se da tendência que se verificava no período anterior à pandemia, divulgou esta quarta-feira o barómetro Informa D&B. Segundo o relatório, o nascimento de empresas “está em recuperação desde maio, após quedas muito acentuadas em março e abril, sobretudo durante o estado de emergência”.

Numa análise global ao primeiro semestre – em que foram criadas 17 932 empresas em Portugal –, conclui-se que a covid-19 provocou uma descida de 35% na constituição de novas empresas, em comparação com o primeiro semestre de 2019.

O recuo nos nascimentos no primeiro semestre é transversal a todos os setores e vai desde a agricultura e outros recursos naturais (-28% de empresas) e os serviços gerais (-42%). A análise setorial ao nascimento de empresas permite também detetar quais as áreas mais e menos sensíveis à covid-19, deixando antever, a prazo, uma reconfiguração e renovação setorial do tecido empresarial, em função dos setores mais afetados pela pandemia e das oportunidades que poderá criar noutros setores.

Os setores dos transportes, serviços gerais e atividades imobiliárias foram os que sofreram mais com a pandemia no que toca à constituição de novas empresas. Entre janeiro e junho, nasceram 860 empresas no subsetor do “transporte ocasional de passageiros terrestres em veículos ligeiros”, a maioria nos dois primeiros meses do ano, o que representa uma descida de 42% em novas empresas face aos valores do período homólogo.

Nos serviços gerais, a queda na criação de empresas deve-se ao menor número de nascimentos nos subsetores das “atividades de saúde” e dos “serviços turísticos”. Neste período, foram constituídas 1625 empresas nas atividades imobiliárias, uma descida de 31% (menos 716 empresas).

Em geral, as atividades mais presenciais, como indústria, grossistas ou retalho também perderam relevância na constituição de novas empresas.

Pelo contrário, setores onde mais facilmente se recorre ao teletrabalho – como os serviços empresariais e as tecnologias de informação e comunicação – ganharam destaque entre as novas empresas que nasceram durante os últimos meses.

Encerramentos (ainda) abaixo do normal. No total do tecido empresarial, em junho encerraram 881 empresas, valor semelhante a maio, mas inferior a junho de 2019 (1079). No total do semestre, encerraram 5844 empresas, menos 1850 (-24%) que no período homólogo.

O setor dos transportes é o único a apresentar mais encerramentos de empresas face a 2019, justificada pelo aumento dos encerramentos as empresas de transporte ocasional de passageiros em veículos ligeiros, materializado, no entanto, apenas com mais 42 encerramentos.  

O barómetro Informa D&B acrescenta que os valores relativos a encerramentos e a insolvências “são ainda pouco esclarecedores da situação real das empresas”, visto que são processos mais demorados e, no caso das insolvências, envolvem a atividade dos tribunais, que foi também afetada pela covid-19.

Os primeiros seis meses do ano registaram 1175 novos processos de insolvência, mais 4% que no mesmo período em 2019 (tendência que já se verificava nos dois primeiros meses de 2020). Em junho, houve 214 novos processos de insolvência, mais cinco que em maio, valores que têm vindo a subir desde abril.