Crimes contra a vida selvagem potenciam doenças como a covid-19, alerta a ONU

Tráfico de animais “é uma ameaça não só para o ambiente e biodiversidade como para a saúde humana”.

Crimes contra a vida selvagem potenciam doenças como a covid-19, alerta a ONU

Um relatório da ONU, divulgado esta sexta-feira, alerta para o facto de os crimes contra a vida selvagem e de o tráfico de animais potenciarem doenças como a covid-19.

"Foram identificados traficantes suspeitos de cerca de 150 nacionalidades, ilustrando o facto de que o crime contra a vida selvagem é verdadeiramente uma questão global", é referido no relatório, elaborado pelo Gabinete das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla original) e apresentado hoje em Viena, Áustria.

Para os autores do documento a pandemia de covid-19, que o mundo enfrenta agora, demonstra que o crime contra a vida selvagem "é uma ameaça não só para o ambiente e biodiversidade como para a saúde humana, o desenvolvimento económico e a segurança".

As doenças zoonóticas (causadas por agentes patogénicos que se transmitem de animais para humanos) "representam 75% de todas as doenças infecciosas emergentes", sublinham os especialistas no mesmo documento.

O tráfico de animais, como pangolins, aves, tartarugas, tigres ou ursos – e os produtos que deles resultam para consumo humano – não passa por qualquer controlo higiénico e sanitário, o que aumenta o risco de infeção, esclarecem.

Só o fim do tráfico pode ajudar a prevenir futuras situações como a atual pandemia de covid-19, alerta ainda a ONU.

Passaram quatro anos desde a apresentação do primeiro relatório da ONU sobre crimes contra a vida selvagem, desde então o tema tem ganho destaque na agenda política mundial e na própria opinião pública, "à medida que se torna claro que o crime contra a vida selvagem tem implicações negativas para as alterações climáticas, preservação da biodiversidade, segurança e saúde pública".