Defesa de Ricardo Salgado diz que “acusação ‘falsifica’ a história do BES”

Esta terça-feira, a Procuradoria-Geral da República informou que o Ministério Público (MP) deduziu a acusação contra 25 arguidos, “18 pessoas singulares e sete pessoas coletivas, nacionais e estrangeiras”, que terão causado prejuízos de 11,8 mil milhões de euros. 

A defesa do ex-banqueiro já reagiu à acusação do Ministério Público e garante que  Ricardo Salgado “não praticou qualquer crime e esta acusação ‘falsifica’ a história do Banco Espírito Santo”, reagiu em comunicado à acusação. “É uma acusação pré-anunciada desde o dia 3 de agosto de 2014, data em que o Governador cessante do Banco de Portugal anunciou a morte do BES (depois deste banco ter sido afundado em provisões ilegais) e proferiu a “sua sentença” para justificar o desastre da resolução, que, agora, está a condicionar a justiça”, acrescenta.

Esta terça-feira, a Procuradoria-Geral da República informou que o Ministério Público (MP) deduziu a acusação contra 25 arguidos, “18 pessoas singulares e sete pessoas coletivas, nacionais e estrangeiras”, no âmbito do processo principal do designado Universo Espírito Santo. Na lista de crimes estão burla qualificada, branqueamento de capitais, associação criminosa, falsificação de documentos, fraude no comércio internacional e desvio de fundos e corrupção ativa e passiva que terão causado prejuízos de 11,8 mil milhões de euros. 

Em causa, segundo o MP, está o “crime de associação criminosa (relativamente a 12 pessoas singulares e 5 pessoas coletivas) e “crimes de corrupção ativa e passiva no setor privado, de falsificação de documentos, de infidelidade, de manipulação de mercado, de branqueamento e de burla qualificada contra direitos patrimoniais de pessoas singulares e coletivas”, diz em comunicado. 

 A defesa do banqueiro voltou a chamar a atenção para o “erro” que foi a resolução do banco e garantiu que, enquanto Ricardo Salgado esteve à frente da instituição financeira não houve lesados. “A resolução do BES foi um erro colossal que causou e causa prejuízos inquantificáveis ao país. Os próprios ‘lesados do Banco de Portugal’ (e não do BES) assim o dizem hoje, até porque é indesmentível que, enquanto Ricardo Salgado esteve no BES, os clientes foram reembolsados em 1,5 mil milhões de euros de papel comercial só no 1.º semestre de 2014”, acrescentando que o ex-banqueiro “não desistirá de se defender e levará até às últimas consequências a sua defesa, não só por respeito a si próprio, mas também por respeito à memória coletiva dos muitos que fizeram parte da história deste grupo”. 

“Por muito que alguns queiram, a história de vida de uma pessoa não se apaga com a facilidade com que se muda uma marca” e deixou que “depois de tantas e sucessivas prorrogações de prazo que foram concedidas ao Ministério Público para concluir o inquérito, seja também concedido à defesa um prazo razoável e condições dignas para o exercício cabal dos seus direitos com igualdade em relação a quem agora o acusa”.