“Há estudos que apontam que há índicios de sequelas” em doentes recuperados, admite Graça Freitas

Foram abordadas várias questões esta quarta-feira: o fenómeno da reinfeção, os surtos de covid-19 no Carregado e em Reguengos de Monsaraz e as regras elaboradas para o próximo ano letivo.

A conferência de imprensa desta quarta-feira sobre a evolução do surto do novo coronavírus em Portugal contou com a presença de Jamila Madeira, secretária de Estado Adjunta e da Saúde, e Graça Freitas, diretora-geral da Saúde, e foram abordados vários assuntos, tais como as sequelas em pessoas que foram infetadas com covid-19, as regras que devem ser cumpridas no ínicio do próximo ano letivo e os surtos no Carregado e em Reguengos de Monsaraz. 

Questionada sobre as sequelas em doentes que venceram a covid-19, Graça Freitas admite que "há estudos que apontam que há índicios de sequelas", no entanto, sublinha que estes "são apenas estudos e alguns feitos com amostras pequenas de doentes" e que é necessário esperar mais alguns meses para perceber a evolução da doença.

A diretora-geral da Saúde falou ainda sobre as pessoas que já recuperaram do novo coronavírus voltarem a ser infetadas e diz que  “não há provas de que exista o fenómeno de reinfeção”. “Sabemos que existem pessoas que tiveram a doença, e tiveram dois testes negativos, o critério que indica que estão curadas, mas mais tarde tiveram um teste positivo. Isso não significa que as próprias estejam reinfetadas ou que transmitam o vírus”, sustentou, esclarecendo que essa situação pode indicar apenas que estas pessoas "possuem partículas do vírus”.

Sobre o surto de covid-19 numa empresa de cerâmica no Carregado, Graça Freitas afirma que existem 54 casos positivos entre as pessoas da empresa e garante que "pelo menos 170 foram testadas". "Muitas destas pessoas residem em outros concelhos da Grande Lisboa. Vai ser feita investigação epidemiológico para detetar casos secundários", garante a responsável. A diretora-geral da Saúde falou também do surto em Reguengos de Monsaraz e garantiu que a situação "está estabilizada" e que as mortes que ocorreram devem-se a "casos graves" e à população ser "muito idosa e com comorbilidades".

Graça Freitas falou ainda sobre as orientações divulgadas para o próximo ano letivo no que diz respeito à prevenção e controlo da Covid-19, como a utilização de máscaras e a utilização de circuitos diferentes. Durante a elaboração das medidas, Graça Freitas admite que houve uma certa "confusão" gerada à volta do distanciamento que deve ser respeitado entre alunos, docentes e não docentes nas escolas. A diretora-geral da Saúde afirma que "sempre que possível deve-se garantir um distanciamento de pelo menos um metro sem comprometer as atividades letivas". 

Sobre a taxa de incidência, a governante afirma que "os dados variam todos os dias". "Nos últimos 14 dias, o concelho com a taxa de incidência por 100 mil habitantes com cerca de 150 casos é o concelho da Amadora, que tem estado a descer bastante", disse Graça Freitas. Já Lisboa regista 137 casos por 100 mil habitantes. 

Questionada sobre uma segunda vaga, Graça Freitas afirmou que a Austrália tem sido um "grande país de observação no hemisfério sul", onde está a a ocorrer outra estação. "O que observamos da Austrália é que tiveram um período com número baixo de casos. Neste momento a Austrália está a verificar uma segunda onda simétrica à primeira", diz Graça Freitas. A "DGS está a preparar um plano de inverno detalhado" que será conhecido em breve, disse Jamila Madeira, que falou ainda sobre formas que tem sido utilizadas pelo SNS para combater a propagação da covid-19, como as teleconsultas. Foram realizadas mais de 8 milhões de consultas não presenciais desde o ínicio da pandemia, segundo a secretária de Estado Adjunta e da Saúde. "A tarefa de prevenção e combate à disseminação da doença exige ao SNS trabalhar em várias frentes", disse a governante. 

 

 

 

Sobre a possibilidade de reinfeção de pessoas dadas como recuperadas, a diretora-geral da Saúde reafirmou que “não há provas de que exista o fenómeno de reinfeção”. “Sabemos que existem pessoas que tiveram a doença, e tiveram dois testes negativos, o critério que indica que estão curadas, mas mais tarde tiveram um teste positivo. Isso não significa que as próprias estejam reinfetadas ou que transmitam o vírus”, sustentou, esclarecendo que essa situação pode indicar apenas que estas pessoas "possuem partículas do vírus”.