Falta de memória política

O mais normal era roubar sem sequer fazer nada. De resto, para saber um pouco do que se passava então, basta ter um nadinha de atenção à época. Em vez de se exercerem opções péssimas.

por Pedro d'Anunciação

Um livro de crónicas de Lídia Jorge, relativamente recente, tem-me dado motivos para algumas crónicas – obviamente menos interessantes.

Estou a recordar uma que fez sobre a admiração que uns  miúdos têm por Salazar, de que não têm memória. E logo ma lembrei de uns episódios relacionados com a vitória eleitoral de Bolsonaro.

Primeiro, este militar, que nunca escondeu admiração pela Ditadura Militar, começou por vencer as eleições em círculos estrangeiros, com os votos de quem não tencionava viver sob a sua pouco iluminada e preparada presidência. Além disso, algumas das pessoas que votavam nele, para acabar de vez com a corrupção, que parece ter-se mantido com o PT, ou não viveu a Ditadura Militar, ou esqueceu a corrupção do País nesses tempos obscuros. Eu lembro-me de lá ter ido em 1975, em plena Ditadura Militar: uns candidatos a deputados, usavam simplesmente um slogan horrível, deste género: ‘Eu roubo, mas faço’. Porque o mais normal era roubar sem sequer fazer nada. De resto, para saber um pouco do que se passava então, basta ter um nadinha de atenção à época. Em vez de se exercerem opções péssimas.