“Não cabe ao Banco de Portugal viver para si próprio”, diz Centeno

Na tomada de posse, o ex-ministro das Finanças identificou quatro desafios do banco central.

"Não cabe ao Banco de Portugal viver para si próprio e fechado sobre si próprio. Isso não assegura a independência, cria antes a irrelevância". Foi desta forma que Mário Centeno caracterizou o regulador, que considera que não depende da instituição ter "estados de alma", referiu no seu discurso de tomada de posse.

O ministro das Finanças, João Leão, que também discursou na cerimónia, felicitou Centeno, alertando que ocupará o cargo num quadro exigente, criado pela pandemia da Covid-19, mas mostrando-se otimista relativamente à nomeação: "Estou confiante que o professor Mário Centeno é a pessoa certa para liderar o BdP neste momento exigente". 

"Assumo perante vós, com honra e entusiasmo, um compromisso de serviço público", começou por dizer Centeno, revelando ser "uma enorme honra" fazê-lo "no salão nobre do Ministério das Finanças", aquela que foi a sua 'casa' durante os últimos quatro anos e meio. "A minha relação com o BdP vem desde 1993", lembrou o ex-ministro das Finanças, vincando que o "Banco de Portugal é fulcral".

Desafios 

Segundo Centeno, o BdP enfrenta quatro desafios estratégicos: assegurar uma "supervisão eficiente e exigente"; "participar e influenciar a política monetária da zona euro"; "definir uma política macroprudencial, que assegure a estabilidade do sistema financeiro" e "credibilizar as estratégias, os mecanismos e o processo de resolução bancária". 

A escolha de Centeno para o cargo foi polémica, pelo facto de este responsável passar quase diretamente do Ministério das Finanças (onde foi ministro até junho) para o BdP, quando em 9 de junho foi aprovado no parlamento, na generalidade, um projeto do PAN que estabelecia um período de nojo de cinco anos entre o exercício de funções governativas na área das Finanças e o desempenho do cargo de governador.