Nada de beijos ou partilhar comida em bares, recomenda-se no Japão

Face ao novo pico japonês, com os bares abertos e surtos no distrito noturno de Tóquio, outras recomendações incluem desinfetar microfones de karaoke.

Os donos e frequentadores dos bares de Shinjuku, o principal distrito noturno de Tóquio, são cada vez mais diabolizados pelo novo pico da covid-19 no Japão, centrado na capital e envolvendo predominantemente jovens nos seus 20 e 30 anos. Apesar das críticas, o Governo japonês, apostado na recuperação do turismo interno, recusa fechar estes estabelecimentos, muitos deles sobrelotados, mal ventilados e com poucas condições para isolamento social. Como tal, as autoridades vão colocar polícias nas ruas, a fiscalizar bares e discotecas, e começam a surgir sugestões sobre como desfrutar da noite de forma segura.

“Tanto quanto possível, beija apenas o teu parceiro, e evita beijos de língua”, recomendou Shinya Iwamuro, um especialista em Saúde Pública que tem andado pelo distrito Shinjuku a ensinar o que chama “etiqueta de beijos”. Segundo a Reuters, também apelou a que não se partilhe comida do mesmo prato e se tenha conversas com o rosto virado para lados opostos.

Outras recomendações, vindas da Associação dos Negócios da Noite japonesa, incluí coisas como a obrigatoriedade de desinfetar microfones nos bares de karaoke. Ao mesmo tempo, a associação de empresários recusa as medidas de segurança propostas pelo Governo, como o uso de máscaras e uma distância mínima de dois metros, que consideram não ser praticáveis. 

As preocupações dos japoneses são particularmente elevadas quanto aos populares host bars de Tóquio, onde anfitriões, tanto homens como mulheres, se dedicam a agradar os clientes com conversa espirituosa, servindo bebidas e acendendo cigarros, entre o ocasional flirt.

“O álcool às vezes leva a momentos de intimidade, resultando nos anfitriões e os clientes ficarem mais próximos uns dos outros, e esquecendo-se de pôr a máscaras”, admitiu o gerente do Cruise, no distrito de Kabukicho, conhecido pelo nome de palco Ibuki, ou respiração, em japonês. “É em momentos como estes que nós, os gerentes, intervimos, para garantir que eles continuam sentados e se mantêm a uma distância segura”, acrescentou, ao Japan Times.

Entretanto, apesar dos japoneses terem uma longa história de não usar apertos de mão, bem como o hábito do uso de máscaras e estarem no meio do verão, a pandemia acelerou no país, que parecia estar a ter sucesso contra o coronavírus. Ontem, o Japão ultrapassou as mil mortes, tendo sido registado 419 novos casos a nível nacional, 168 deles em Tóquio.