Covid-19: Caos sem fim que apenas parece crescer

Os três países mais infetados no mundo (EUA, Brasil e Índia) continuam a ver o número de casos de covid-19 nos seus territórios crescer a um ritmo alarmante.

Enquanto alguns países preparam o desconfinamento e o início do ‘novo normal’, outros continuam mergulhados no caos, com quantidades assustadoras de novos casos diários.

Os Estados Unidos da América são possivelmente o maior exemplo de descontrolo da pandemia. O país com mais casos no mundo registou de quarta para quinta-feira um total de 70 mil novas infeções, um número recorde. 
Atualmente, os números de infeções equivalem a cerca do dobro dos níveis de contaminação registados no mês de abril, quando grande parte do país estava confinado.

As mais recentes atualizações de modelos epidemiológicos indicam que o país pode atingir entre 151 mil mortos a 1 de agosto e 157 mil a 8 de agosto, de acordo com a média dos modelos de 23 grupos de investigação, cujos resultados foram divulgados na passada terça-feira por uma equipa da Universidade de Massachusetts, em nome dos Centros de Prevenção e de Luta contra as Doenças.

Flórida ou a nova Wuhan
Um dos estados mais afetados a nível global é a Flórida (já considerada por muitos como a nova Wuhan), que conta com mais de 315 mil habitantes contaminados desde o início da epidemia – em comparação, Portugal conta com cerca de 48 mil casos e o Reino Unido (o nono país com mais casos de infetados no mundo) com, aproximadamente, 293 mil casos.

A Flórida foi um dos primeiros estados a reabrir portas, quando o governador Ron DeSantis decidiu não renovar a ordem de confinamento geral, que terminou a 4 de maio. No final desse mês, os bares e restaurantes foram abertos e este estado decidiu acolher o regresso da NBA, liga norte-americana de basquetebol, em Orlando, cujos jogos serão retomar a 31 de julho. Os jogos vão ser disputados no complexo da Disney World, onde os jogadores também ficam hospedados.

O condado de Miami-Dade, epicentro da pandemia regista uma ocupação de 95% dos hospitais e soma um total de 75.425 casos confirmados e 1.246 óbitos, o que levou o seu presidente, Francis Suárez, a avaliar a possibilidade de haver um novo confinamento e encerramento de empresas. «Se não for feito algo nas próximas semanas para alterar o nosso rumo, poderemos ficar em uma situação grave», advertiu, Suárez.

Brasil: São Paulo e Rio lideram óbitos e infeções 
Já o Brasil ultrapassou esta quinta-feira a barreira dos 2 milhões de infetados. Apesar de ter demorado quatro meses para chegar ao primeiro milhão de infetados (o país passou esta marca a 19 de junho), apenas demorou 27 dias para chegar aos dois milhões. Em relação ao número de óbitos, conta com cerca de 77 mil.

Segundo as autoridades de saúde brasileiras, os estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, ambos localizados na região sudeste, lideram em número de óbitos e de casos confirmados de infeção pelo coronavírus. 

São Paulo, o estado mais rico e desenvolvido país, já registou ao mais de 402 mil casos e 19 mil mortes provocadas pela covid-19, seguido pelo Rio de Janeiro, com mais de 134 mil infeções confirmadas e 11 mil óbitos. 

Uma das notícias do Brasil, na semana passada, foi o anúncio de que o Presidente Jair Bolsonaro testou positivo para o coronavírus – e esta semana voltou a testar positivo. A notícia foi confirmada pelo próprio Bolsonaro à CNN Brasil. À mesma TV revelou sentir-se bem, sem febre desde o dia 6, não sentindo falta de ar nem de paladar. O Presidente relatou ainda que passou por exames de sangue e de coração, e que estes também apresentaram resultados normais. O exame foi realizado na manhã de terça-feira, dia 14, e o resultado foi conhecido no mesmo dia à noite, mas o Presidente deve fazer um terceiro exame nos próximos dias para verificar se ainda está com o coronavírus e se já pode retomar suas atividades.

Aceleração de casos na Índia é preocupante 
O terceiro país do mundo com mais casos de infetados, depois dos Estados Unidos e Brasil, ultrapassou esta sexta-feira a barreira de um milhão de mortes desde o início da pandemia, no mesmo dia em que registou um novo máximo de mortes em 24 horas, 687, elevando o total de óbitos no país para 25.602.

«Enquanto a atenção do mundo está centrada na crise em curso nos Estados Unidos e na América do Sul, uma tragédia humana semelhante está a emergir rapidamente no Sul da Ásia», disse um responsável regional da IFRC John Fleming.

«A aceleração de casos continua a ser o principal desafio para a Índia nos próximos dias», disse à agência AP o diretor do Harvard Global Health Institute, Ashish Jha, acrescentando que existe uma preocupação no país porque se acredita que uma grande percentagem de infeções continua a não ser detetada.

Os três estados indianos mais afetados são Maharashtra, Delhi e Tamil Nadu, responsáveis por mais de metade do total de casos, mas a epidemia também está a acelerar nas regiões rurais do país.

De forma a combater a propagação do coronavírus, vários estados indianos começaram a reintroduzir o confinamento. Na cidade de Bangalore, considerada o centro da inovação tecnológica indiana, com filiais da Microsoft, Apple e Amazon, o Governo ordenou uma quarentena de uma semana, que começou na terça-feira, após a multiplicação de novos casos.

Em Bihar, estado com uma população de 128 milhões de habitantes e um sistema de saúde considerado frágil, foi anunciada uma quarentena de duas semanas na quinta-feira.

No Uttar Pradesh, o estado mais populoso, com mais de 200 milhões de pessoas, as autoridades instauraram o recolher obrigatório ao fim de semana, que deverá permanecer em vigor até ao final do mês.

Goa, um dos estados indianos menos afetados, reintroduziu na quinta-feira o confinamento durante três dias, duas semanas depois de abrir ao turismo, em 2 de julho.

Quase uma dúzia de estados impôs ainda restrições em ‘zonas de contenção’, em áreas consideradas de risco, que podem limitar-se a apenas uma rua.