Coleção do MNAA mais brilhante

A coleção de joalharia do Museu Nacional de Arte Antiga vai reabrir ao público com mais joias, fruto de dois depósitos e de uma doação.

Há mais de dois anos que a coleção de joalharia do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) está indisponível para visita. Mas depois deste hiato necessário em que as peças foram restauradas, o museu lisboeta anunciou, na semana passada, que a reabertura está para breve: a coleção vai voltar a estar disponível, em princípio, no último trimestre deste ano. E, para lá da cara lavada, trará ainda mais peças, fruto de dois depósitos e de uma doação que a instituição recebeu e que, pela sua qualidade artística e importância histórica, vão passar a completar a "narrativa do acervo, que vai do século XV ao século XIX", notou o museu em comunicado.

No total, a ala de joalharia trará 15 novos conjuntos de joias, entre "brincos, colares e alfinetes mas também ornamentos masculinos, como insígnias honoríficas, com pedras preciosas e semipreciosas como diamantes, esmeraldas, topázios, e outras gemas oriundas do império colonial, sobretudo do Brasil".

Entre os depósitos agora recebidos pela instituição, conta-se um conjunto de cinco joias, totalizando 13 peças, oriundas do antigo convento de nossa senhora de Jesus, em Lisboa, a atual Igreja das Mercês.  Deste núcleo, destaca-se uma palma de prata do século XVIII "com aplicações em cristal de rocha, invulgares pela sua dimensão, de cerca de 24 centímetros cada". Ainda deste lote, o MNAA recebeu  três ornamentos de peito, dois pares de brincos e dois trémulos para enfeitar o cabelo. E há um ornamento  particularmente interessante, uma vez que é "inspirado no modelo Sévigné, em referência à escritora francesa do século XVII".

O segundo depósito feito no museu partiu da decisão de um colecionador de Hong Kong. A história deste depósito começa a contar-se em 2016, quando a conservadora de ourivesaria e joalharia do Museu, Luísa Penalva, foi convidada a visitar a exposição Jewels of Portugal, organizada pela  S.J. Phillips, uma das maiores casas de joalharia de Inglaterra. Depois deste contacto, conta o museu na mesma missiva, surgiu a hipótese de trazer algumas destas joias para Lisboa. "Neste lote, destacam-se um ornamento de peito do século XVII, com diamantes, esmeraldas e uma pérola barroca, de origem provavelmente espanhola, e ainda outro objeto semelhante, em prata cravejada de topázios, acompanhado por um par de brincos, exemplo perfeito da evolução da laça, uma das tipologias mais importantes da joalharia", diz o MNAA.
Os dois últimos objetos a integrar a coleção, estes de forma permanente, uma vez que partiram de uma doação, são dois "com realce para um em prata dourada do século XV-XVI, sem pedraria, que representa uma Adoração dos Magos com a Virgem".  As peças foram doadas por Maria Emília Seabra, revelou o museu.

Todos estes conjuntos reforçam  a coleção de joalharia do MNAA, composta por algumas das mais notáveis peças de joalharia portuguesas. Do acervo de ourivesaria fazem parte, por exemplo, a cruz de D. Sancho I (1214); a Custódia de Belém, de Gil Vicente, mandada lavrar por D. Manuel I e datada de 1506, ou o Relicário da Rainha D. Leonor (1458-1525), que terá sido concebido por volta de 1510.