A devida vénia

Apaixonado pela política e pelo comentário político – «um serviço útil para o país» que alimenta o ego de quem gosta de ser ouvido –, José Miguel Júdice confessa que nunca achou que poderia ser um bom político, reconhecendo-se, sim, como um bom comentador.

A entrevista de José Miguel Júdice na última edição do SOL e os seus comentários semanais na SIC-Notícias – As Causas (Edição da Noite, às terças-feiras) – dão gosto ler e ouvir por revelarem um analista politico em grande forma, que diz o que pensa, e tem um pensamento estruturado, com a liberdade de quem nada deve nem teme ou de quem já nada tem a perder nem a ganhar (embora nunca seja bem assim).

Por isso mesmo, tornou-se alvo preferencial de outros comentadores, sobretudo de esquerda, incluindo colegas de canal, com os quais não se furta à peleja, seja ideológica ou de puros interesses políticos ou até pessoais – da desabrida Ana Gomes ao catequista Francisco Louçã e seus fundamentalistas discípulos Daniel Oliveira ou Mariana Mortágua.

Apaixonado pela política e pelo comentário político – «um serviço útil para o país» que alimenta o ego de quem gosta de ser ouvido –, José Miguel Júdice confessa que nunca achou que poderia ser um bom político, reconhecendo-se, sim, como um bom comentador.

E, muito provavelmente, tem razão – sendo que integrou a Nova Esperança, movimento social-democrata que gerou três líderes do PSD, dois dos quais (Durão Barroso e Santana Lopes) chegaram a primeiros-ministros e o terceiro (Marcelo Rebelo de Sousa) é atualmente Presidente da República.

Ora, andando nas lides políticas desde os tempos do Estado Novo e conhecendo como poucos os protagonistas dos diferentes poderes e das diferentes famílias com poder, desde esse passado até aos dias que correm, José Miguel Júdice é, de facto, um bom comentador.

Desassombrado e desempoeirado, com informação e intuição, que apuram o seu sentido crítico, e com a facilidade de expressão e fluidez de discurso das tertúlias da velha Coimbra e da Lisboa antiga.

Vale a pena, com efeito, ouvi-lo.

Nesta última terça-feira, além de uma análise fina do que foi publicado da acusação a Ricardo Salgado e dos aproveitamentos políticos sobretudo das alas radicais (tanto da esquerda como da direita) – e «os extremos tocam-se» (sic) –, José Miguel Júdice põe o dedo na ferida ao falar da nova Inquisição que vigora nesta era da aldeia global e das redes sociais.

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