China e EUA em tensão máxima

As duas maiores potências mundiais encerraram representações diplomáticas dos rivais nos seus respetivos territórios.

O mais recente golpe nas já complicadas relações entre Estados Unidos da América e a China culminou esta semana no encerramento das embaixadas nos respetivos países.

Depois de o gigante asiático ter anunciado, na quarta-feira, que foi forçado pelos Estados Unidos a encerrar o seu consulado na cidade de Houston, ontem a China ordenou o encerramento do consulado dos Estados Unidos em Chengdu, no sudoeste do país.

A decisão constitui «uma resposta legítima e necessária às medidas irracionais dos Estados Unidos», defendeu em comunicado o Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.

Em relação ao encerramento da embaixada de Houston, o porta-voz da diplomacia chinesa Wang Wenbin disse que esta medida foi uma «provocação». «A China condena veementemente esta ação ultrajante e injustificada», disse Wang, acrescentando que ela viola o direito internacional e os acordos consulares entre os dois países. Avisou ainda que haveria lugar a uma «retaliação».

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, disse, na quinta-feira, que o consulado chinês em Houston servia como um centro para a «espionagem chinesa e usurpação de propriedade intelectual norte-americana».

O que nos leva a outro episodio controverso desta semana.

 

Cientista ou infiltrado?

As autoridades norte-americanas estão à procura de uma cientista chinesa, Tang Juan, que está a ser acusada de ter escondido ao FBI a sua ligação com o Exército de Libertação Popular (PLA), de forma a obter autorização para entrar nos Estados Unidos. De momento encontra-se refugiada no consulado chinês de São Francisco.

Depois de investigações que incluíram uma busca na sua residência, foi descoberta uma foto de Tang com um uniforme da PLA. Foi revelado também que a cientista trabalhou na Air Force Military Medical University. Quando foi interrogada pelo FBI, no dia 20 de junho, garantira não reconhecer as insígnias no seu uniforme e que «a utilização do uniforme militar era obrigatória para quem frequentasse aquela universidade militar».

Após este interrogatório, ainda no mesmo dia, Tang deslocou-se para o referido consulado chinês, onde permanece.

Além do caso de Tang, foram também visados dois cientistas chineses com ligações ao PLA. Segundo as autoridades dos EUA, farão parte de um programa em que são enviados cientistas militares sob disfarce para poderem roubar informações das universidades americanas.

Segundo o Guardian, os bombeiros foram chamados a comparecer na embaixada chinesa de Houston porque surgiram relatos de fumo, originado por membros da embaixada a queimarem documentos.

«Existem provas em pelo menos um destes casos de cientistas militares que copiaram ou roubaram informações de instituições americanas para os seus superiores militares na China», disse um procurador americano, citado pela CNN. «Ainda existem provas adicionais de que o governo da República Popular da China instrui estes indivíduos para destruírem provas e coordenarem esforços em relação à partida destes indivíduos dos EUA, particularmente depois das acusações contra Xin Wang». Este caso aconteceu no dia 7 de junho de 2020, quando Wang foi preso por fraude de visto.

A diretora do Departamento de Informações do Ministério das Relações Exteriores da República Popular da China, Hua Chunying, disse que estas acusações são «perseguição política flagrante».

«Wang Xin faz pesquisas no campo de doenças cardiovasculares. Não vejo como isso possa ameaçar o interesse ou a segurança nacional dos EUA», citou a CNN.