Banca europeia está “resiliente” face ao impacto da pandemia

Para o diretor de supervisão do BCE, “os resultados demonstram quão importante foi que os bancos tivessem fortalecido a sua posição de capital nos últimos anos, como resultado das reformas regulatórias depois da crise financeira”.

A banca europeia mostrou-se "resiliente" face aos impactos económicos provocados pela pandemia de covid-19, de acordo com as conclusões da divisão de supervisão bancária do Banco Central Europeu (BCE).

Num teste de 'stress' a 86 bancos da zona euro sobre como lidaram com o "choque económico" causado pela pandemia de covid-19, direcionado à "identificação de potenciais vulnerabilidades no setor bancário num horizonte de três anos", os resultados demonstram, segundo o BCE, que o setor, na zona euro, "consegue aguentar o 'stress' induzido pela pandemia".

De acordo com Frankfurt, a avaliação teve como base os cenários das duas projeções macroeconómicas do BCE de junho (com o central a prever uma queda de 8,7% do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro e o severo a prever um declínio de 12,6% em 2020) e os testes de 'stress' da Autoridade Bancária Europeia (EBA) a bancos de toda a União Europeia.

"No cenário central, que já prevê uma recessão dura, a média do rácio [de capital] 'Common Equity Tier' 1 (CET1), um indicador chave da solidez financeira, apenas de deteriorou em 1,9 pontos percentuais, para 12,6%, de 14,5%. Como resultado, os bancos continuam a cumprir o seu papel de financiamento à economia", pode ler-se na nota de imprensa do BCE hoje divulgada.

Já no cenário severo, a média do rácio de capital CET1 cai 5,7 pontos percentuais, "para 8,8% de 14,5%", um caso em que "vários bancos teriam que tomar ações para manter a conformidade com os seus requisitos mínimos de capital, mas a queda geral permaneceria contida".

Para o diretor de supervisão do BCE, Andre Enria, "os resultados demonstram quão importante foi que os bancos tivessem fortalecido a sua posição de capital nos últimos anos, como resultado das reformas regulatórias depois da crise financeira".

"No entanto, se a situação piorar na linha do cenário severo, as autoridades têm de estar preparadas para mais medidas para prevenir uma desalavancagem simultânea por parte dos bancos, que poderia aprofundar a recessão e atingir severamente a qualidade dos ativos e posições de capital", disse também o responsável do BCE.

O Banco Central Europeu assinala ainda que os resultados individuais dos bancos nos testes "não foram discutidos com as instituições de crédito e serão usados no processo de revisão e avaliação da supervisão (SREP) de forma qualitativa".