BCP. Lucros caem 55% para 76 milhões de euros no primeiro semestre

Banco liderado por Miguel Maya diz que resultado foi “influenciado pelo contexto Covid-19”. BCP aprovou mais de 120 mil moratórias.

O Millennium bcp registou, no primeiro semestre deste ano, um resultado líquido de 76 milhões de euros, uma variação negativa homóloga de 55,3%. No primeiro semestre de 2019, o BCP tinha tido lucros de 169,8 milhões de euros. O banco explica que os resultados deste ano foram influenciados pelo contexto da pandemia de covid-19.

“Esta evolução encontra-se fortemente condicionada pelo impacto da situação extraordinária que se vive atualmente, decorrente da pandemia provocada pela covid-19”, diz o banco liderado por Miguel Maya.

O resultado core do grupo ascendeu a 543,5 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano, o que significa um crescimento de 1,3% face ao semestre homólogo. Os proveitos core também registaram um crescimento de 2%.

No que diz respeito à margem financeira, esta subiu 2,6% para 759,1 milhões de euros, mas o produto bancário reduziu 4,6% para 1.070 milhões de euros.

Em Portugal, o resultado líquido da atividade cifrou-se em 45,2 milhões de euros, revelando-se inferior aos 72,7 milhões de euros obtidos no mesmo período do ano passado, diz o banco. “Para esta evolução contribuíram largamente quer a constituição de imparidade para riscos de crédito associados à pandemia covid-19, que ascendeu a 87,9 milhões de euros, quer a reavaliação de fundos de reestruturação empresarial no montante de 67,5 milhões de euros”.

Já os resultados em operações financeiras fixaram-se nos 39,6 milhões de euros nos primeiros seis meses deste ano, situando-se abaixo dos 95,5 milhões de euros alcançados em igual período do ano anterior, devendo-se esta evolução maioritariamente ao desempenho da atividade em Portugal.

O banco explica ainda que os custos operacionais ascenderam a 540,7 milhões de euros nestes primeiros seis meses do ano, que comparam com 519,7 milhões de euros registados nos primeiros seis meses de 2019.

“Esta evolução reflete essencialmente o incremento verificado na atividade internacional, pese embora o mesmo tenha sido parcialmente mitigado pelo bom desempenho da atividade em Portugal, no que respeita ao controlo dos custos operacionais recorrentes”.

Já na atividade em Portugal, os custos operacionais apresentaram uma redução de 2%, totalizando 305,2 milhões de euros.

Os custos com o pessoal, no mesmo período, fixaram-se nos 309,0 milhões de euros. Na atividade em Portugal, os custos com o pessoal apresentaram uma “evolução favorável”, ao cair 1,8% em relação ao montante apurado na primeira metade de 2019, cifrando-se em 181,5 milhões de euros.

97 mil moratórias aprovadas às famílias Na apresentação de resultados, Miguel Maya anunciou que foram aprovadas 97 mil moratórias às famílias, um valor que ultrapassou os quatro mil milhões de euros. No total, foram aprovada 120 mil moratórias de quase 9 mil milhões de euros. A moratória no crédito a habitação é a que tem a maior representatividade com um total de 92% das ajudas. Já nas ajudas às empresas, as moratórias aprovadas ultrapassaram os 26 mil, totalizando um valor de 4,7 mil milhões de euros.

Ainda no que diz respeito às moratórias, Miguel Maya defendeu que há setores para quais os prazos das moratórias não são suficientes, como é o caso da hotelaria e da restauração. “Há setores que não vão estar a gerar fluxo de caixa no final do primeiro trimestre do próximo ano, mesmo que houvesse vacina”, disse o responsável. “Todos os setores que tenham elevada sazonabilidade, por exemplo, hotelaria e restauração. As vendas de noites não são guardadas em stock para o próximo ano e na restauração ainda há pouca utilização. Os estabelecimentos de entretenimento noturno ainda não abrirem”, acrescentou.