Gonçalo Velho – Por lagos, castelos e mais ainda

Praias fluviais com água azul ou verde-esmeralda, curiosidades geológicas, cascatas e lagos. Gonçalo Velho fala-nos sobre a região do Zêzere, onde cada curva do rio traz um novo lugar para descobrir.

por Gonçalo Velho
Presidente do Sindicato Nacional do Ensino Superior

Tendo crescido sempre junto ao mar, ora na Figueira da Foz, ora em Cascais ou Oeiras, ou mesmo nas múltiplas viagens no mar com o meu pai, confesso que foi difícil a ideia de morar naquilo que nós portugueses consideramos o interior.

Durante muitos anos tinha saudades da maresia pela manhã, ainda que com nevoeiro.

Mas crescer é aprender e quando damos a oportunidade, conseguimos descobrir coisas novas, que só nos perguntamos como é que demorámos tanto tempo para conhecer.

Alguns conhecem a região de Tomar pelos Templários, ou pela Festa dos Tabuleiros. Felizmente para aqueles que cá vivem, a grande maioria dos portugueses ainda não descobriu o melhor desta região. Falo do Zêzere, das suas paisagens, desde Constância (onde, segundo reza a tradição oral, esteve preso Camões), até Pedrógão Grande, onde é possível praticar diversos desportos náuticos, com segurança e com água que não é fria (nem está dependente dos humores de Neptuno).

Por aqui, ainda é possível alugar por preços aceitáveis um quarto, ou mesmo uma casa, com vista para o rio e desfrutar de paisagens únicas.

Nalguns destes lugares, o sol dá à água uma tonalidade própria, com praias de água azul, ou verde esmeralda, onde se mergulha em água transparente e límpida. Para quem não acredita, podem espreitar um bocadinho no Instagram.

Não se fiquem por ver a Lagoa Azul, ou a Aldeia do Mato. Aventurem-se mesmo a descobrir outras praias fluviais menos conhecidas. É nelas que o Zêzere tem alguns dos seus melhores tesouros.

Pelo caminho podem apreciar curiosidades geológicas como o Penedo Furado e caminhar pelos seus passadiços novos, para descobrirem cascatas e lagos, que ficam bem mais perto de Lisboa do que o Gerês.

Claro está que ter a prancha de SUP, ou o caiaque, permite descobrir muitos mais sítios e usufruir de um sossego único. Mesmo no inverno, os meus fins de semana são feitos de boas aventuras, onde descubro novas praias e novos lugares. A única razão para correr mal é se não tiver colocado o almoço no saco impermeável e tiver de regressar mais cedo. Acreditem, cada curva do rio traz um novo lugar para descobrir.

Para quem é encartado, há também os barcos, nos seus diversos feitios, infelizmente com mais lanchas do que barcos à vela, sobretudo por causa do ski.

Nos últimos anos tem crescido a oferta no wakeboard, com vários parques e academias. Os decibéis dessa oferta parecem equivaler à adrenalina, mas confesso-me, definitivamente, mais SUP. Podemos ir a qualquer lado sem depender de ninguém. Sendo que o lado de gôndola da prancha também parece ter o seu encanto…

Chegado ao fim do dia, podemos descobrir a animação em Tomar, com cada vez mais esplanadas. A parte junto ao Nabão tem cada vez mais e melhor oferta. Mas, se puderem ir para as ruas interiores, vão descobrir os nossos melhores pousos (olá, senhor Fernando). Aproveitem para dar uma volta no jardim do Mouchão e depois podem perder-se pela noite dentro.

De manhã, café a ver o rio (bom dia Estrelas), passeio pela mata dos Sete Montes e visita ao Convento de Cristo.

Num curto passeio junto ao Nabão é possível descobrir o complexo da Levada, bem como a Casa dos Cubos, com boa oferta de exposições (nomeadamente, a produzida pelo Centro de Estudos de Fotografia, associado ao Curso Superior de Fotografia do Instituto Politécnico de Tomar).

Subindo o pequeno monte, podem visitar a igreja de Santa Maria dos Olivais e conhecer melhor a parte mais recente da cidade de Tomar.

Se estiverem com saudades da água fria, podem ir tomar um banho ao Agroal, onde podem contar com muito calor humano, com água que sai do maciço cársico.

Aproveitem para fazer os percursos pedestres, aprendendo algo sobre geologia e biologia. Por perto há sempre bons sítios para almoçar.

Uma alternativa é a visita a Mação, onde o Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagrado tem vindo a realizar um excelente trabalho científico e de dinamização da comunidade local, com vários projetos de escala internacional.

Esta é apenas uma parte do mundo do Médio Tejo, sendo que rapidamente podem descer à Golegã, passear junto ao Tejo em Constância ou na Barquinha (onde podem descobrir uma maravilha culinária, com cozinha de Moçambique e de Goa).

Em Abrantes, têm uma maravilha gastronómica que dá pelo nome de uma santa (e bendito seja).

Não poderia terminar sem falar de Ciência, mais concretamente dos centros Ciência Viva de Constância (bom sítio para ver o cometa Neowise, num centro dedicado à astronomia) e de Alcanena (onde descobrimos o que é o complexo cársico e as nascentes do Alviela). Por perto estão também as grutas de Mira d’Aire, que muitos conhecemos das excursões da escola, mas que são um bom sítio para visitar no Verão (sombra, fresco e com excelente água).

Já vi que me perdi neste convite. Quando estiverem a ler este texto é bem possível que esteja em cima da prancha no Zêzere. Por falar nisso, é tempo de preparar a mochila para amanhã. Até breve.