Impresa registou lucros de 178 mil euros nos primeiros seis meses do ano

Impresa e SIC questionam ERC sobre mudanças na estrutura acionista da TVI. 

A Impresa apresentou lucros de 178 mil euros no primeiro semestre do ano. Uma queda face aos 3,47 milhões de euros registados em igual período do ano passado. O EBITDA caiu para os 8,3 milhões de euros, menos 28% do que no período homólogo.

As receitas totais fixaram-se nos 78,4 milhões de euros, uma queda de 12% face a igual período do ano passado. A Impresa diz ainda que em relação à queda das receitas, 88% da redução foi verificada no segundo trimestre “como resultado dos efeitos da pandemia de covid-19”.

A maior queda nas receitas aconteceu no segmento da Infoportugal e de outras áreas, que caiu 18%, seguindo a área de “publishing” com uma redução de 15,4%. As receitas de televisão fixaram-se nos 67,3 milhões de euros, uma redução de 10,7%.

O grupo liderado por Francisco Pedro Balsemão realça que “consciente dos novos desafios aportados pela covid-19 ao contexto nacional e internacional, a Impresa permanecerá focada na geração de receitas, aumento de eficiência operacional e redução do endividamento líquido tendo em vista a progressão de resultados e o decréscimo do rácio Dívida Líquida / EBITDA”.

A apresentação de resultados surgiu no mesmo em dia que a Impresa e a SIC pediram esclarecimentos à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) sobre as mudanças na estrutura acionista da TVI e sobre a acumulação de cargos em várias empresas do presidente executivo da Media Capital. Na carta enviada ao regulador, começam por citar o comunicado da ERC de 17 de julho, onde a entidade dá conta que, “tendo tomado conhecimento de mudanças relevantes na estrutura da TVI, está a avaliar o âmbito das mesmas e eventual configuração de nova posição”, na sequência da entrada do empresário Mário Ferreira no capital da Media Capital, afirmando que irá proceder a uma “averiguação rigorosa”.

“Os factos que estão na base da presente intervenção, a comprovarem-se como verdadeiros, constituem exemplos de condutas contrárias e gravemente violadoras, ainda que de forma encapotada, dos princípios e regras que regem o exercício da atividade de televisão em Portugal, pondo em causa o funcionamento transparente do mercado dos meios de comunicação social”, diz a carta a que a Lusa teve acesso.

As duas empresas “entendem que há um conjunto de questões que devem ser oportunamente objeto de esclarecimento para salvaguarda” dos interesses públicos e coletivos.

A Impresa e SIC questionam o regulador sobre “qual a informação disponibilizada à ERC acerca da aquisição, por parte da Pluris Investments, de Mário Ferreira, de 30,22% das ações da Vertix”, através da qual a Prisa detém 64,47% da Media Capital, como também se “essa informação espelha a realidade subjacente aos factos que estão na base do procedimento”.

Entre as questões colocadas, a Impresa pergunta ao regulador se esta operação (da entrada de novo acionista) “teve associado algum ato ou negócio jurídico (por exemplo, um acordo parassocial ou outro), do conhecimento público ou não, suscetível de configurar ou envolver uma alteração de domínio da TVI nos termos da Lei da Televisão”. É ainda questionado se foram disponibilizados os referidos acordos acionistas, se existem direitos e/ou obrigações conferidas por esses atos/negócios jurídicos a Mário Ferreira e se foram cumpridas todas as obrigações e informação previstas na Lei da Transparência e se “foi celebrado algum acordo parassocial com o objetivo de adquirir, manter ou reforçar uma participação qualificada da TV”.