Inquérito serológico português encontrou anticorpos em 2,9% das pessoas

A coordenadora do Inquérito Serológico Nacional Covid-19 (INSA), Ana Paula Rodrigues, falou sobre os resultados do inquérito serológico no país. “Temos um nível baixo de anticorpos na sociedade portuguesa”, indica a especialista.

A Direção-Geral da Saúde e o Ministério da Saúde realizaram, esta sexta-feira, a habitual conferência de imprensa na qual falam sobre os dados diários da covid-19. A coordenadora do Inquérito Serológico Nacional Covid-19 (INSA), Ana Paula Rodrigues, também marcou presença na conferência de hoje, onde foram abordados vários temas, tais como o nível de anticorpos na população portuguesa, a morte de uma mulher com 39 anos nas últimas 24 horas,  o aumento do número de testes de despiste à covid-19 e as vacinas contra a gripe.

Ana Paula Rodrigues falou sobre os resultados do inquérito serológico no país. "Temos um nível baixo de anticorpos na sociedade portuguesa", indica a especialista, referindo que foram encontrados anticorpos em 2,9% das pessoas envolvidas no estudo, que teve como amostra 2301 pessoas.  Ana Paula Rodrigues refere ainda que foi na região de Lisboa e Vale do Tejo que se verificou um nível mais elevado de anticorpos (3,5%) e houve mais homens testados com maior número de anticorpos (4,1%) do que mulheres.

Questionada sobre a quantidade de anos necessários para atingir imunidade à covid-19, a especialista diz que este factor ainda não é conhecido. "O objetivo é conter a propagação do vírus, que o menor número de pessoas tenha contacto com este vírus. Não sabemos qual a duração dos anticorpos", afirma Ana Paula Rodrigues. Mesmo que tenham desenvolvido anticorpos contra a doença, a coordenadora do INSA continua a apelar à precaução por parte de toda a população, visto ainda existir muito por perceber acerca da doença e da imunidade em relação à covid-19.

Sobre a imunidade de grupo, Ana Paula Rodrigues diz que este objetivo alcança-se quando 40% a 60% da população se tiver tornado imune à doença e afirma que não é possível saber "se é possível alcançar estes valores".

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, falou sobre uma das vítimas mortais registadas nas últimas 24 horas, uma mulher de 39 anos. Segundo a responsável, a vítima sofria de obesidade, que é "cada vez mais um fator de risco" em relação à doença. 

Sobre a chegada do inverno, quando se registam os maiores casos de gripe anuais, Graça Freitas garante que o SNS está preparado. "O Ministério da saúde comprou maior dose de vacinas que alguma vez comprou: dois milhões de doses. Mesmo que quiséssemos mais, não há mercado", garante. 

No que toca a prioridades em relação às vacinas, os lares encontram-se em primeiro lugar da lista visto serem pessoas que estão "em sítios circunscritos, estão juntas e geralmente têm doenças associadas", afirma Graça Freitas. "Professores poderão entrar pelo fator idade e por mobilidade", acrescenta a mesma.

A ministra da Saúde, Marta Temido, falou ainda sobre os casos ativos por região – existem "66% em Lisboa e Vale do Tejo, 19% no norte, 8% no centro, 4% no Algarve e 3% no Alentejo" – e sobre os surtos ativos no país. No total, indicou, existem 194 surtos ativos no país: 47 na região Norte, 12 no Centro, 106 em Lisboa e Vale do Tejo, 14 no Alentejo e 15 na região do Algarve.

Os surtos são considerados ativos ainda que tenham passado vários dias sobre o último caso confirmado. "Só consideramos um surto extinto quando passaram 28 dias (dois períodos de incubação) sobre o último caso confirmado", recordou a ministra.

Em relação ao número de testes, Marta Temido afirma que o número de testes diários vão aumentar. "Em ambiente público vamos passar de 12 mil testes por dia para 22 mil testes por dia. Isso passa pelo reforço laboratorial de entidades do SNS e de parceiros do setor privado", garante a ministra.

Questionada sobre o número de profissionais de saúde infetados, a ministra afirma que existiram 4472 profissionais de saúde infetados, dos quais "recuperaram 3559".