Novo Banco com prejuízos de 555,3 milhões no primeiro semestre

No primeiro trimestre, o resultado líquido negativo tinha sido de 179,1 milhões de euros.

O Novo Banco registou prejuízos de 555,3 milhões no primeiro semestre deste ano, um valor que representa um agravamento face às perdas de 400 milhões que tinham sido registadas em igual período do ano passado. 

A instituição financeira revelou ainda que os resultados negativos são justificados por quatro fatores: perdas de 260,6 milhões de euros que resultam "da avaliação independente aos fundos de reestruturação"; um impacto de 138,3 milhões de euros com a "imparidade adicional" constituída para cobrir "riscos de crédito decorrentes da pandemia covid-19"; outros 78,7 milhões de euros relacionados com a cobertura de risco de taxa de juro de títulos de dívida pública portuguesa; e 26,9 milhões de euros de "reforço da provisão para reestruturação".

A margem financeira do Novo Banco apresentou um crescimento de 15,2 milhões face ao período homólogo, situando-se em 251,2 milhões (+6,5%), resultado do contributo positivo das medidas de otimização do custo dos recursos implementadas, do aumento do volume de crédito, da evolução positiva da margem na carteira de títulos e outras aplicações e do continuado enfoque na política de preços.

O banco disse ainda que "comparativamente ao 1º semestre de 2019 verificou-se um crescimento dos volumes médios da carteira de crédito, mantendo o foco numa disciplina de rigor no preço. Contudo, as condições concorrenciais, efeito portfolio e consequente pressão nas taxas de juro, nomeadamente no crédito a empresas, contribuíram para uma redução da taxa média do crédito a clientes para 2,14%".

A margem financeira situou-se em 1,35%, ligeiramente abaixo da observada no exercício de 2019 e em 30 de junho de 2019. O comissionamento decorrente da prestação de serviços bancários a clientes saldou-se por um contributo para o resultado no período de +136,6 milhões, que compara com +150,7 milhões em 30 de junho de 2020 (-9,4%).

"A quebra foi uniforme em todas as tipologias de produtos em resultado dos efeitos da pandemia. O produto bancário comercial aumentou para +387,8M€ (jun/19: +386,7 M€), apesar dos efeitos da crise pandémica. Os resultados de operações financeiras foram de -6,5M€, decorrentes dos prejuízos relacionados com os swaps de taxa de juro utilizados em operações de cobertura de títulos de divida pública"

Já a carteira de títulos ascende a cerca de 11,5  milhões. Da carteira de títulos mencionada, 6,3mM€ são referentes a dívida soberana valorizada ao valor de mercado por contrapartida de reservas. Em 31 de dezembro de 2019, os ganhos não realizados deste portfolio totalizavam 331M€, apresentando uma redução de 57M€ para 274M€, devido à volatilidade do mercado no 1º semestre de 2020. Uma vez que parte desta carteira está protegida através de derivados de taxa de juro, parte das perdas relacionadas com as coberturas foram reconhecidas em resultados (-78,7M€).

Os custos operativos totalizaram 225,6M€, -4,4% face a 30 de junho de 2019 que refletem, para além do investimento no negócio e na transformação digital, as continuadas medidas de otimização da estrutura de custos. O resultado operacional core (produto bancário comercial deduzido dos custos operativos) alcançou os +162,2M€, +7,6% que igual período do ano anterior. O custo do risco considerando as imparidades para crédito foi de 87pb. O reforço adicional de imparidades para riscos de crédito calculado em base coletiva, relacionado com a pandemia COVID-19 (116,0M€), não foi considerado na atividade recorrente.